r7 -03/09/2024 00:36
A verba para o Auxílio Gás em 2025 cairá 84%, de R$ 3,5 bilhões para
R$ 600 milhões, com as mudanças propostas pelo governo no programa. A redução
ocorre mesmo com o aumento de 5,5 milhões para 6 milhões na previsão de
famílias atendidas. Os números constam do projeto de lei do Orçamento de 2025, enviado ao Congresso
na sexta-feira (30) e detalhado nesta segunda-feira (2).
Anunciado pelo Ministério de Minas e Energia em 26 de
agosto, o projeto que reformula o Auxílio Gás precisa ser aprovado pelo
Congresso. A proposta prevê que, em vez de os beneficiários receberem o auxílio
a cada dois meses, junto do Bolsa Família, o governo concederá descontos às
revendedoras de gás, que serão compensadas pela Caixa Econômica Federal.
Pela proposta do governo, o Tesouro Nacional deixará de
receber receitas da exploração do petróleo na camada pré-sal que cabem à União.
O dinheiro seria transferido diretamente à Caixa, que se tornaria a operadora
do Auxílio Gás. Especialistas criticam a regra porque os subsídios do programa
estariam fora do Orçamento Federal e do limite de gastos imposto pelo novo
arcabouço fiscal, o que abre espaço para questionamentos do TCU (Tribunal de
Contas da União).
Ao explicar a proposta de Orçamento para 2025, o secretário
executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que as mudanças no
Auxílio Gás não comprometerão a revisão de cerca de R$ 26 bilhões em despesas
obrigatórias. “A avaliação da equipe econômica não é sobre o mérito da
proposta. É sobre a compatibilidade com o arcabouço fiscal e o Orçamento, e não
vai de nenhuma forma comer essa economia”, afirmou.
Segundo o secretário executivo da Fazenda, entes públicos
poderão pagar à Caixa Econômica valores devidos à União, como recursos que
deveriam ser destinados ao Fundo Social do Pré-Sal, criado para financiar
projetos de desenvolvimento e de combate à pobreza.
“O projeto tem a possibilidade de entidades públicas poderem
pagar direto dentro do programa, que pode ser operado pela Caixa, com dedução
do que essas entidades pagariam à União. Do ponto de vista fiscal, tem
equilíbrio de despesas e receitas”, rebateu Durigan.
O secretário executivo do Ministério do Planejamento e
Orçamento, Gustavo Guimarães, disse que o impacto do programa sobre as contas
do governo será compensado dentro dos limites de gastos e da meta de déficit
primário do arcabouço fiscal. Isso porque o governo terá de compensar a queda
de arrecadação do Tesouro, que abrirá mão de receitas para repassá-las à Caixa.
“Se for pela via orçamentária, vamos ter que enquadrar ou
reduzir [despesas] discricionárias [não obrigatórias] ou fazer mais revisões em
outras políticas obrigatórias. Se for por subsídio, temos que lembrar que o
regime fiscal sustentável tem uma conexão direta entre receitas e despesas. Se
está abrindo mão de receitas, indiretamente vamos reduzir o espaço futuro de
despesas. Vai ter que ter ajustes naturais que vão acontecer dentro do conjunto
de regras fiscais que temos hoje”, esclareceu.