r7 -27/11/2021 20:08
O PSDB escolheu o governador de São Paulo, João Doria, como
candidato da legenda para disputar as eleições presidenciais de 2022. Foram
computados 25.854 votos consolidados. João Doria teve 53,99% desses votos;
Eduardo Leite, 44,66%; e Arthur Virgílio, 1,35%. As prévias do partido
ocorreram neste sábado (27) depois de terem sido suspensas no domingo passado
(22) devido a falhas
no aplicativo de votação e denúncias de compra de votos, desfiliação
de prefeitos e vices e ameaças de judicialização — os episódios acumulados
mostram a dificuldade de união e a rivalidade entre líderes tucanos do país.
Durante a tentativa de realizar as prévias no último domingo, apoiadores
de Leite apresentaram uma denúncia de que o grupo de Doria teria
filiado 92 prefeitos e vices de forma irregular, com data retroativa, para
inflar o colégio eleitoral e, assim, conquistar mais votos. De acordo com a
acusação, feita pelos diretórios de Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e
Ceará, e considerada grave, as filiações teriam ocorrido após a data limite (31
de maio).
Eduardo
Leite também acusou Doria de compra de votos. "Do outro lado nós
vemos isso. Nós vemos, sim, compra de votos, estamos vendo denúncias de
pressões indevidas, suspensão de filiações, demissão de pessoas que não apoiam
[a candidatura de João Doria]”, afirmou Leite ao chegar à Comissão Executiva
Nacional em Brasília na segunda-feira passada (22).
João Doria, por sua vez, negou
as acusações e minimizou os ataques do colega gaúcho. “É normal
colocações dessa natureza em um processo de prévias, onde a temperatura cresce.
Mas colocações feitas ao sabor e ao calor de uma prévia preferimos não levar em
consideração”, disse.
Virgílio, que é diplomata e teve mandato de senador por
Manaus, correu por fora na disputa. Na manhã deste sábado, ele afirmou nas
redes sociais que as prévias são a oportunidade para reconduzir o PSDB ao
centro das decisões políticas do país. "Hoje teremos um vencedor que
contará com o apoio de todos os tucanos. É o fim deste ciclo e o início de
outro", declarou.
Arthur Virgílio, João Doria, Eduardo Leite e Bruno Araújo nas prévias do PSDB neste sábado (27)/ YURI ACHCAR / RECORD TV
Ataques de hackers
O aplicativo de votação rápida que o PSDB utiliza nas
prévias recebeu quase 30 milhões de tentativas de ataques cibernéticos durante
a votação das prévias, muitas delas vindas do exterior, segundo a direção da
legenda. O presidente da sigla, Bruno Araujo, disse que o partido pedirá
investigação da Polícia Federal. Ainda de acordo com os dirigentes do partido,
nenhuma investida de invasão foi bem-sucedida. A sigla contratou três hackers
para defender o sistema de ataques. Os candidatos também têm equipes técnicas
que trabalham exclusivamente com a segurança da tecnologia.
O desenvolvimento do aplicativo usado nas prévias custou R$
364 mil ao PSDB. A votação é feita por meio do site da empresa BeeVoter, depois
que a tecnologia desenvolvida pela Fundação de Apoio da Faurgs (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul) apresentou problemas no último domingo.
Chance limitada de encabeçar terceira via
Mesmo depois de finalizar as prévias neste sábado (27), com
a escolha de um pré-candidato à Presidência da República, o PSDB pode continuar
longe de conseguir emplacar um candidato viável para a disputa presidencial de
2022. Em um cenário de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a chamada "terceira via" tem
lançado nomes, e o PSDB está entre as legendas que buscam ocupar o espaço entre
Lula e Bolsonaro.
Nas pesquisas, entretanto, os possíveis candidatos do PSDB
têm desempenho fraco, e analistas
políticos afirmam que o racha interno — agora tornado público, com
brigas e acusações entre os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio
Grande do Sul, Eduardo Leite — impossibilita que a sigla "junte os
cacos". Na prática, para os especialistas, o PSDB sai das prévias menor do
que entrou.
Enquanto no decorrer da semana o assunto foi o aplicativo da
votação dos tucanos, que teve problemas no último domingo e inviabilizou
a finalização das prévias, outro grupo que tenta o protagonismo na terceira via
começou a se projetar. O ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio
Moro se filiou ao Podemos e já tem se articulado em Brasília. Ele foi
ao Senado, discursou, reuniu-se com políticos, empresários e subiu em palanques
na busca por se consolidar como o candidato mais forte da chamada terceira via.