agencia brasil -17/12/2024 08:39
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jhonatan de
Jesus determinou que o governo federal adote medidas para impedir que
beneficiários do Bolsa Família usem recursos recebidos do programa social com
apostas online (bets). A medida foi determinada neste domingo (15) após
solicitação do Ministério Público junto ao TCU.
Pela decisão, o governo deve adotar soluções imediatas para
impedir a participação dos beneficiários do Bolsa Família e de outros programas
sociais e assistenciais em apostas eletrônicas.
Segundo o ministro, a proibição tem como objetivo impedir o
desvio de finalidade dos recursos. "A medida cautelar restringe-se a
evitar o uso indevido de recursos públicos em atividades incompatíveis com os
objetivos constitucionais dos programas assistenciais, sem prejuízo à
continuidade do atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade que
atendam aos critérios legais de elegibilidade", decidiu o ministro.
Na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU)
informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que há dificuldades
operacionais para cumprir a decisão
do ministro Luiz Fux, proferida no mês passado, para impedir os gastos dos
beneficiários com as apostas.
O principal problema está na identificação de recursos
provenientes dos benefícios e o dinheiro de outras fontes de renda que estão
nas contas dos beneficiários. Dessa forma, segundo a AGU, não é possível
impedir que a conta seja utilizada para apostas.
No dia 14 de novembro, o plenário do Supremo ratificou
a liminar proferida por Luiz Fux. Na decisão, o ministro também
determinou que as regras previstas na Portaria nº 1.231/2024, do Ministério da
Fazenda, sobre a proibição de ações de comunicação, de publicidade e propaganda
e de marketing dirigidas a crianças e adolescentes tenham aplicação imediata. A
norma estaria em vigor no dia 1º de janeiro de 2025.
O processo que motivou o debate foi protocolado na Corte
pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade
questiona a Lei 14.790/2023, norma que regulamentou as apostas online de quota
fixa. Na ação direta de inconstitucionalidade (ADI), a CNC diz que a
legislação, ao promover a prática de jogos de azar, causa impactos negativos
nas classes sociais menos favorecidas, como o crescimento do endividamento das
famílias.