folhapress -25/07/2024 14:34
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou que, no
mínimo, 85% dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
continuem trabalhando durante a greve da categoria, pela justificativa de
contemplar demandas inadiáveis.
Na determinação, a magistrada responsável, ministra Maria
Thereza de Assis Moura, destacou a necessidade dos serviços prestados pelo INSS
e a urgência na conclusão dos processos administrativos do instituto.
"Como se observa, é inquestionável a essencialidade das
atividades desempenhadas pelos servidores do INSS, pois envolvem o pagamento de
benefícios previdenciários que são conceituados por lei como 'meios
indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego
involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou
morte daqueles de quem dependiam economicamente'.
Por outro lado, são de longa data os problemas enfrentados
pelo poder público no tocante aos prazos de análise dos processos
administrativos dos benefícios administrados pelo INSS, compreendendo-se tanto
os benefícios previdenciários quanto aqueles de natureza assistencial",
diz trecho.
A decisão foi publicada após reunião de quarta-feira (24)
entre o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e servidores do órgão
terminar sem avanços.
Na ação judicial movida pela AGU (Advocacia-Geral da União)
contra a greve no INSS, o órgão afirma que o direito de greve dos servidores
públicos não pode ser manejado de forma indiscriminada, pois "exige
adaptação ao chamado regime jurídico administrativo".
"A greve instaurada, além de afetar seriamente o
exercício normal e rotineiro das atividades institucionais do INSS-sejam os
relativos à área-meio, sejam os relacionados à sua área finalística- tem criado
obstáculos intransponíveis para os direitos fundamentais dos segurados",
diz o documento da AGU.
A greve foi deflagrada em 10 de julho, mas ganhou força a
partir do dia 16 e tem tido impacto crescente nos atendimentos presenciais e
também na análise de requerimentos.
Na terça-feira (23), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) acionou a Justiça para pedir a suspensão da greve nacional de servidores
do INSS. O órgão também vai cortar o ponto dos grevistas, descontando do
salário os dias de paralisação.
Os representantes da categoria reivindicam o cumprimento de
acordos anteriores e melhorias salariais. Segundo a entidade, mais de 400
agências do INSS, situadas em 23 estados e no Distrito Federal, estão fechadas
ou funcionando de modo parcial.
Atualmente, o instituto conta com quase 19 mil servidores em
todo o país -em 2015, número era de 25 mil. São 15 mil técnicos, responsáveis
por quase todos os serviços do órgão, e 4.000 analistas.
Servidores em regime de teletrabalho também aderiram ao movimento. O SINSSP-BR
(Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de
São Paulo), que atua na greve em âmbito nacional, estimou que cerca de 40% das
tarefas dos servidores em teletrabalho foram afetadas pela paralisação.