folhapress -19/07/2025 12:10
O governo dos Estados Unidos tomou uma medida diplomática incomum ao revogar os vistos de entrada não apenas do ministro Alexandre de Moraes, mas também de outros sete integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e de seus familiares. A decisão foi anunciada como uma resposta à determinação de Moraes que impôs o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A lista dos ministros afetados inclui nomes de peso da
Suprema Corte: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino,
Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes. Segundo comunicado da Casa Branca,
os vistos foram anulados com base em critérios que avaliam possíveis
“consequências adversas significativas para a política externa dos EUA”.
Ficaram de fora da medida André Mendonça, Nunes Marques e
Luiz Fux. Os dois primeiros foram indicados por Bolsonaro e, nos bastidores,
são vistos como mais alinhados ao ex-presidente. Já Fux tem adotado posturas
críticas em julgamentos relacionados à tentativa de golpe de 8 de janeiro, o
que o distanciou parcialmente do bloco majoritário da Corte, mas sem chegar a
ser atingido pela decisão americana.
A medida foi oficializada pelo secretário de Estado Marco
Rubio, integrante da administração de Donald Trump, e ainda não houve
pronunciamento por parte do STF. A decisão ocorre em um momento de forte tensão
entre bolsonaristas e o Supremo, com acusações de parcialidade e perseguição ao
ex-presidente.
Outro ponto de atrito entre os magistrados atingidos e o
trumpismo é o apoio do grupo à regulação das plataformas digitais, algo que
Trump e seus aliados veem como ameaça à liberdade de expressão — especialmente
após os embates que enfrentaram com redes sociais nas eleições americanas de
2020.
Entre os ministros citados, apenas Gilmar Mendes e Alexandre
de Moraes não foram nomeados por presidentes do PT. Gilmar foi indicado por
Fernando Henrique Cardoso, enquanto Moraes chegou à Corte durante o governo
Michel Temer.