Por que hoje é feriado em SP? Entenda origem do 9 de julho

r7 -09/07/2024 09:17

O estado de São Paulo comemora nesta terça-feira, 9 de julho, a Revolução Constitucionalista, movimento menos conhecido para o resto do país, mas famoso para os paulistas. O dia é celebrado em homenagem ao movimento que se levantou contra a ditadura de Getúlio Vargas.

A data não é feriado nacional e só é comemorada no estado de São Paulo, e sua véspera é considerada ponto facultativo. A prefeitura da capital, inclusive, anunciou a suspensão do rodízio de veículos para o dia 8, além do dia 9, conforme diz a lei municipal 12.490.

Apesar da celebração se reservar ao estado de São Paulo, o evento que deu origem ao feriado teve proporções nacionais. O GLOBO, que cobriu a Revolução Constitucionalista na época em que ocorreu, enviou um repórter especial para documentar o conflito in loco.

A revolta teve início com a tomada do poder por Getúlio Vargas. Tropas gaúchas, em conjunto com forças de Minas Gerais e Paraíba, depuseram o presidente da República à época, Washington Luís, e impediram a posse do presidente eleito, o paulista Júlio Prestes.

Apesar de ter prometido que iria convocar novas eleições e promover uma Assembleia Nacional Constituinte para criar uma nova constituição para o país, Vargas fechou o Congresso e passou a governar por meio de decretos.

A elite política paulista, insatisfeita com Vargas, passou a se reunir com constitucionalistas de outros estados, a fim de formar uma oposição ao governo provisório. Dois grandes partidos do estado na época, o Partido Democrático (PD) e o Partido Republicano Paulista (PRP) se aliaram e formaram a Frente Única Paulista (FUP) contra o governo vigente.


As tensões chegaram a um limite em 23 de maio de 1932. Opositores ao regime varguista tentaram invadir a sede do Partido Popular Paulista (PPP), que apoiava o governante. O grupo de protestantes foi recebido a tiros pelas tropas de Vargas, o que resultou na morte de quatro jovens: Mário Martins de Almeida, de 25 anos, Euclides Miragaia, de 21, Dráusio Marcondes de Sousa, de 14, e Antônio Américo Camargo de Andrade, de 30 anos. Além deles, um quinto homem, Orlando Alvarenga, acabou falecendo meses depois em decorrência de ferimentos, após ter sido atingido por um tiro.

As mortes foram o estopim para a criação do MMDC — sigla para as iniciais dos jovens —, movimento conspiratório que passou a organizar um levante armado contra o governo Vargas.


Getúlio Vargas com tropas governistas em São Paulo, observando movimentação adversária. Foto tirada pelo fotógrafo Leandro Sant'Anna, do GLOBO, enviado junto com o repórter Sodré Vianna para cobrir o conflito — Foto: Leandro Sant'Anna/Agência O GLOBO

O conflito

O plano inicial do MMDC era tomar a capital paulista e dirigir-se à sede do governo federal, no Rio de Janeiro, junto com conspiradores de outros estados, a fim de tomar o país em, no máximo, dez dias. A empreitada deu certo a princípio e os paulistas dominaram a sede da 2ª Região Militar, além de ocupar outros estabelecimentos como os Correios e Telégrafos e estações ferroviárias.

Entretanto, o tempo começou a fechar quando os paulistas rumaram para o Rio de Janeiro. A Revolução Constitucionalista acabou não sendo aderida de forma relevante por outros estados e São Paulo acabou isolada e sofrendo com armamento e táticas pouco efetivos.

A revolta durou 87 dias e terminou no dia 1º de outubro de 1932. Os dados oficiais apontam para um total de 934 baixas, mas estimativas extraoficiais calculam cerca de duas mil mortes no conflito.

Apesar da derrota para as forças varguistas, a Constitucionalista foi um dos principais catalisadores para a confecção e promulgação da Constituição de 1934 — que acabou rasgada por Vargas e substituída pela Carta Magna de 1937, que instaurou a ditadura do Estado Novo.