metropoles -04/07/2024 22:37
A Polícia
Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e mais 11 pessoas no caso em que é apurada a venda
ilegal no exterior de joias recebidas durante o mandato presidencial. O
relatório final da investigação foi enviado ao Supremo Tribunal Federal
(STF). A PF concluiu que houve crime de peculato, associação criminosa,
lavagem de dinheiro e advocacia criminosa.
A coluna Igor Gadelha antecipou, nesta quinta-feira
(4/7), que o relatório estava concluído e que seria enviado em breve pro STF.
Bolsonaro, o então ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque; José Roberto Bueno Jr.; Júlio Cesar Vieira Gomes; Marcelo
da Silva Vieira, Marcos Soeiro e Mauro Cesar Cid, foram indiciados por
peculato, que significa “apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão
do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”.
Os advogados Fabio Wajngarten e Frederick Wassef; Bolsonaro;
Mauro Cesar Cid e o pai dele, Lourena Cid, e outros estão na lista dos
indiciados por lavagem de dinheiro e pela prática do crime de associação
criminosa. O ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes está na lista
de indiciados por ter cometido, no entendimento da PF, advocacia
administrativa.
O documento com o indiciamento foi encaminhado ao STF, para
que seja analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Assim
que recebê-lo, Moraes deve remeter o relatório à apreciação da
Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR decidirá, então, se denuncia os
indiciados à Justiça. Caso isso ocorra, o Judiciário decidirá se torna réus os
denunciados.
Segundo a assessoria do Supremo, até as 18h os autos físicos
e sigilosos da PET 11.645 ainda estavam na Polícia Federal, não tendo sido
encaminhados ao STF qualquer pedido ou relatório.
Veja quem são os indiciados:
Jair Bolsonaro: ex-presidente da República, acusado de fazer
parte do esquema de venda de bens entregues por autoridades estrangeiras. O
valor arrecadado com a venda dos itens teria a finalidade de ser incorporado ao
patrimônio dele;
Bento
Albuquerque: então ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro. Foi
indiciado por peculato e associação criminosa;
José Roberto Bueno Jr.: oficial da Marinha do Brasil. Foi
indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro;
Júlio Cesar Vieira Gomes: auditor que chefiou a Receita
Federal no governo Bolsonaro. Foi indiciado por peculato, associação
criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa;
Marcelo da Silva Vieira: então chefe do gabinete de
documentação histórica da Presidência da República. Foi indiciado por peculato
e associação criminosa;
Marcos Soeiro: ex-assessor de Albuquerque, que carregou
a mochila com as joias. Indiciado por peculato e associação criminosa;
Mauro Cesar Cid: ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Foi indiciado por peculato, ato de apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Além de
associação criminosa e lavagem de dinheiro;
Fabio Wajngarten e Frederick Wassef: advogados da
família Bolsonaro. Wassef entrou em ação após o caso do desvio de um kit
contendo um relógio da marca Rolex. Ele chegou a ir aos Estados Unidos
recuperar o item, que foi entregue a Cid. Ambos foram indiciados pela PF por
lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Mauro Cesar Lourena Cid: pai do tenente-coronel e
ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Cid, ocupou cargo no escritório da Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami. Segundo
a PF, ele teria negociado a venda dos itens nos Estados Unidos. Foi indiciado
por lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Osmar Crivelatti: então assessor de Bolsonaro.
Indiciado por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Outro lado
A defesa de Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou. Fabio
Wajngarten fez uma publicação em sua rede X (antigo Twitter) sobre o
indiciamento. “O meu indiciamento pela Polícia Federal se baseia na seguinte
afronta legal: advogado, fui indiciado porque no exercício de minhas
prerrogativas, defendi um cliente, sendo que em toda a investigação não há
qualquer prova contra mim. Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra
de ter cumprido a Lei!”, alegou na rede social.
Inquérito
A Polícia Federal abriu inquérito, em 2023, para investigar
as tentativas do governo Bolsonaro (PL) de entrar ilegalmente com joias da
Arábia Saudita no Brasil. Os objetos foram avaliados em R$ 5 milhões.
O estojo de joias – com anel, colar, relógio e brincos de
diamante, oriundos da Arábia Saudita – estava retido na Receita Federal, em São
Paulo, e foi entregue à PF, em 5 de abril.
O estojo foi apreendido no Aeroporto de Guarulhos, ainda em
2021, quando as peças chegaram ao Brasil na mochila do então ministro de Minas
e Energia, Bento Albuquerque.
Depois, descobriu-se que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
ganhou outros dois presentes da Arábia: o primeiro, o próprio mandátario
recebeu em 2019; o segundo presente veio com o estojo apreendido, mas passou
incólume pela fiscalização da Receita.