r7 -19/07/2023 22:56
A Petrobras reduzirá,
a partir de 1º de agosto, o preço médio do gás natural vendido a distribuidoras
em 7,1% em comparação ao do período de maio a julho, somando uma queda
acumulada do insumo de 25% neste ano, informou a companhia nesta quarta-feira.
O anúncio, feito durante café da manhã da diretoria da
estatal com jornalistas, ocorre em meio a pressões do governo federal,
sobretudo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para que a
empresa amplie a oferta, o que permitiria uma queda dos preços do insumo no
país.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou no
encontro que Silveira tem "direito de fazer cobranças" sobre o gás e
outros temas, mas reforçou que a companhia está "fazendo seu trabalho
corretamente".
"É claro que o Brasil tem gás, mas o Brasil tem mais
petróleo, e nós corremos sempre atrás do petróleo. O gás, de fato, e não tem
nada de feio em dizer isso, sempre foi considerado um produto colateral para
nós, porque ele vem geologicamente no Brasil associado ao petróleo",
afirmou Prates, ressaltando que não é por isso que a empresa e outros
produtores deixam de buscar monetizar o insumo "tanto quanto
possível".
A diretoria da estatal também voltou a dizer na ocasião que
a reinjeção do gás nos poços produtores de petróleo é um processo necessário,
rebatendo as acusações do ministro de que a companhia estaria
"negligenciando" gás ao Brasil, devido aos elevados níveis de
reinjeção.
"O ministro tem que cobrar de tudo, supervisionar
mineração, setor elétrico, Petrobras, tem direito de fazer cobranças, de
receber informações. Vocês me conhecem, ninguém vai tirar conflito de mim assim
à toa, respeito o ministro, os ministros, o presidente da República",
acrescentou o CEO da empresa.
Segundo a Petrobras, o preço da molécula de gás foi
influenciado no trimestre por uma queda de 3,8% no petróleo e uma apreciação de
4,8% do câmbio.
A companhia anunciou recentemente a assinatura de contratos
bilionários de fornecimento de gás às distribuidoras Comgás, SCGás e Copergás.
Fontes relataram à Reuters que há outros acordos em negociação, que visam
aproveitar a oferta crescente de gás nos próximos anos, com a entrada em
operação de projetos em 2024 e 2028.
Questionada sobre futuros desinvestimentos, a diretoria
disse que a Petrobras não venderá mais o Polo Bahia Terra, mas que uma possível
parceria não está descartada.
O desinvestimento em campos terrestres nas bacias do
Recôncavo e de Tucano estava sendo negociado com um consórcio formado por
PetroReconcavo e Eneva.
"A gente está chamando a PetroReconcavo, temos uma boa
relação com eles, é uma empresa séria, temos tido boa conversa. No sentido de
'você tem interesse ainda, o que você iria fazer comprando, vamos tentar fazer
juntos, fazer parceria?'", disse Prates.
"Podemos [fazer parceria com a PetroReconcavo] se
interessar a eles e nos interessar. Bahia Terra é um case interessante de se
analisar", acrescentou o CEO.