rfi -11/10/2023 14:00
Os habitantes da Faixa
de Gaza continuam a sofrer bombardeios. Nesta quarta-feira (11/10), quinto
dia de confrontos entre o exército israelense e o Hamas, uma nova frente de
ataques foi aberta ainda na madrugada, conforme relato de correspondentes em
Jerusalém.
Já em Israel, houve um massacre em Kfar Aza, perto de
Sderot, no sul do país. Depois dos incidentes da terça-feira (10/10), na
fronteira com o Líbano, com tiros de foguetes e uma resposta israelense, agora
os morteiros vieram da Síria.
Até o momento, as forças militares israelenses e o
Ministério da Saúde palestino contabilizaram mais de 2,2 mil mortos desde o
início do confronto.
No sul, os intensos bombardeios da força aérea e da marinha
israelenses na Faixa de Gaza visaram particularmente o bairro de Al Furqan, no
norte do enclave palestino. Também há relatos de que a casa da família de
Mohamed Deif, chefe das operações militares do Hamas, foi alvo da operação. O
exército israelense afirma ter atingido 80 alvos do Hamas durante a noite.
De acordo com o movimento islâmico palestino, os ataques
noturnos israelenses na última noite em Gaza causaram a morte de pelo menos 30
pessoas; centenas ficaram feridas. Os ataques atingiram dezenas de edifícios
residenciais, fábricas, mesquitas e lojas, segundo Salama Marouf, chefe do
gabinete de comunicação social do movimento islâmico palestino à AFP.
Aviões de guerra bombardearam hoje uma universidade islâmica
na Faixa de Gaza, ligada ao movimento palestino Hamas, de acordo com um
funcionário do campus e um correspondente da AFP. Conforme consta no último
relatório da ONU, mais de 260 mil pessoas foram forçadas a fugir das suas casas
na Faixa de Gaza, bombardeadas pelos ataques israelenses.
Ataque a kibutz de Israel
O massacre de Kfar Aza, perto de Sderot, está na primeira
página da imprensa local e chocou a opinião pública, segundo a enviada especial
da RFI a Israel,
Murielle Paradon. Esse kibutz israelense, perto da Faixa de Gaza, foi invadido
por um comando do Hamas e, depois, libertado pelas forças do país.
Os jornalistas levados ao local por soldados israelenses
puderam ver os cadáveres não só de moradores, mas também dos combatentes. Cerca
de 100 pessoas foram mortas, incluindo crianças pequenas. Alguns residentes
também teriam morrido queimados em suas casas.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, deslocou-se a
um kibutz vizinho, em Beeri, onde também ocorreu um massacre, e declarou: “Quem
decapitar cidadãos, matar mulheres e sobreviventes do Holocausto será
executado. Usaremos todos os meios, não haverá compromisso”.
Resgate de reféns
Outra preocupação é o destino dos reféns. Pode haver até 150
pessoas, incluindo estrangeiros, sequestrados pelos comandos do Hamas e levados
para Gaza. Testemunhos de famílias devastadas pela dor aparecem na mídia,
exigindo libertação dos reféns.
Organizações humanitárias no país alertam para os ataques à
população civil e para a violação do direito humanitário internacional,
apontando para o bloqueio total do território palestino já em vigor.
A ONU indicou que o direito internacional “proíbe” o cerco a
Gaza. “Não me decepcionem”, disse o presidente americano Joe Biden em um
discurso muito bem recebido em Israel, interpretado como luz verde para uma
operação terrestre.
A opinião pública do país aguarda a formação de um governo
de emergência que possa reforçar a unidade necessária para tal campanha
militar. Mas, por razões desconhecidas, Benyamin Netanyahu rejeitou, até o momento,
essa opção. Ele também enfrenta forte pressão das famílias dos israelenses
detidos em Gaza. Em editorial desta quarta-feira, o diário oposicionista
Haaretz exige a troca de prisioneiros o mais rapidamente possível.