Agência Câmara -09/08/2025 17:40
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, enviou à
Corregedoria da Casa os pedidos de afastamento, por até seis meses,
de cinco deputados da oposição que participaram do motim no Congresso
Nacional e de uma deputada acusada de agressão.
As medidas precisam ser votadas pelo Conselho de Ética da
Casa.
Os oposicionistas são do Partido Liberal (PL), legenda do
ex-presidente Jair Bolsonaro, e do Novo, e participaram da ocupação da
Mesa Diretora da Câmara, obstruindo a retomada dos trabalhos legislativos. Já
a deputada do PT é acusada de agredir o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Os deputados citados são:
Marcos Pollon (PL-MS);
Zé Trovão (PL-SC);
Júlia Zanatta (PL-SC);
Marcel van Hattem (Novo-RS);
Paulo Bilynskyj (PL-SP); e
Camila Jara (PT-MS).
A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Câmara após reunião
na tarde desta sexta-feira (8).
“A Mesa da Câmara dos Deputados se reuniu nesta sexta-feira,
8 de agosto, para tratar das condutas praticadas por diversos deputados
federais nos dias 5 e 6. A fim de permitir a devida apuração do ocorrido,
decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria
Parlamentar para a devida análise”, informou em nota a Secretaria-Geral da Mesa
da Câmara.
Após passarem pela corregedoria, onde as imagens serão
analisadas, os processos voltarão à Mesa Diretora para, então, irem ao Conselho
de Ética.
Acusações e defesas
Nesta manhã, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ),
apresentou à Mesa Diretora um ofício em que pedia a abertura de processo
disciplinar e a suspensão cautelar de cinco parlamentares bolsonaristas. A
suspensão de Camila Jara foi pedida por deputados oposicionistas.
Último a levantar-se da cadeira da Presidência da Câmara,
Pollon é acusado de impedir a retomada dos trabalhos e de xingar Motta dias
antes. Em postagem nas redes sociais, Pollon alega ser “autista” e não
entender o que estava acontecendo, sentando-se momentaneamente na cadeira de
Motta para pedir conselhos a Van Hattem, que estava ao lado.
Zé Trovão, segundo o PT, o PSB e o PSOL, é acusado de tentar
impedir fisicamente o retorno de Motta à Mesa Diretora.
Zanatta é acusada de usar a filha de quatro meses como
“escudo”, além de colocar a bebê em ambiente de risco e de tensão.
Bilynskyj é acusado de "tomar de assalto e
sequestrar" a Mesa Diretora do Plenário e de ocupar a Mesa da Comissão de
Direitos Humanos, impedindo o presidente da comissão de exercer suas funções. O
ofício também citou a agressão ao jornalista Guga Noblat, flagrada por câmeras.
Zé Trovão, Zanatta e Bilynskyj não tinham se
manifestado nas redes sobre a decisão de Motta até o momento.
Na sessão de quinta-feira (7), Zé Trovão disse não ter
incentivado a violência, apenas tentado impedir a retirada de parlamentares à
força. Em postagem anterior, a parlamentar disse que parlamentares de esquerda
"odeiam as mulheres e a maternidade".
Van Hattem é acusado de tomar de assalto e "sequestrar"
a cadeira da presidência. Van Hattem postou um trecho do Hino Nacional. Em
vídeo anterior, disse que uma eventual suspensão do mandato pedida pelo PT
seria golpe.
Em relação a Camila Jara, a parlamentar é acusada de
empurrar Nikolas Ferreira durante uma discussão para a retomada do controle do
plenário da Câmara.
A assessoria da deputada nega qualquer agressão e afirma ter
havido um “empurra-empurra” em que a parlamentar afastou Nikolas, que
teria se desequilibrado.