r7 -02/08/2023 23:42
O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu
a diferenciação de usuário e traficante, com critérios objetivos, em ação que
trata da descriminalização do porte de drogas para
consumo pessoal. O julgamento sobre o tema foi retomado no STF, nesta
quarta-feira (2/8), oito anos após o início de sua análise.
Até o momento, são 4 votos a zero pela descriminalização,
com diferentes teses. O julgamento foi suspenso após pedido de adiamento do
ministro Gilmar Mendes. A ministra Rosa Weber, presidente da Corte, aceitou o
adiamento, mas ainda não marcou data de retorno.
Moraes foi o primeiro a apresentar seu voto-vista, em plenário. Pela tese proposta pelo ministro,
deve ser considerado usuário quem estiver portando entre 25 e 60 gramas de
maconha ou seis plantas fêmeas. O ministro defendeu que a regra deve valer
apenas para maconha, não para outras drogas, conforme diz o relator da ação,
ministro Gilmar Mendes.
Em seu voto, Moraes defendeu a fixação de uma quantidade de
droga aprendida para se caracterizar porte ou tráfico, mas ponderou que esse
não deve ser o critério único. Para ele, deve ser observado, por exemplo, a
quantidade de entorpecentes diferentes; a apreensão de balança de precisão;
cadernos de anotação ou celular; locais de apreensão; e se havia uma pessoa
entregando e outra pagando naquele momento.
“Não pode uma pequena quantidade, sem nenhum outro elemento,
levar à conclusão de que é tráfico. A fixação da quantidade é elemento
importantíssimo, mas não único. Essa necessidade vai ao encontro do tratamento
igualitário dos diferentes grupos sociais, culturais, raciais”, considerou o
ministro.
O STF retomou, nesta quarta-feira (2/8), a análise da
possível descriminalização do porte de drogas para
consumo pessoal. O julgamento começou com a leitura do voto-vista do ministro
Alexandre de Moraes. Além dele, três ministros se declararam favoráveis a algum
tipo de descriminalização da posse de drogas.
A ação sobre o porte de drogas para consumo pessoal está
parada desde 2015, quando o ministro Teori Zavascki pediu vista do processo. O
magistrado morreu em um acidente aéreo em 2017. O ministro Alexandre
de Moraes, que herdou seu lugar, liberou o processo para votação em
novembro de 2018 e leu o voto nesta quarta.