metropoles -25/07/2025 18:02
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), recebeu petição que acusa o ministro Alexandre de Moraes (STF) de “violações sistemáticas de direitos humanos” no Brasil.
O autor do documento pediu à entidade para ter o nome
preservado e menciona supostas ilegalidades praticadas por autoridades
brasileiras, especialmente após as depredações das sedes dos Três Poderes, no 8
de Janeiro.
O texto aponta o ministro Alexandre de Moraes como
responsável por “prisões preventivas em massa, sem fundamentação
individualizada ou tempo razoável de detenção” e por decisões judiciais tomadas
“sem contraditório nem ampla defesa”.
Entre os episódios citados estão as detenções ocorridas no
dia 9 de janeiro de 2023, quando mais de 1,4 mil pessoas foram levadas a um
ginásio da Polícia Federal, sob condições que, segundo o documento, seriam
“insalubres”, com “prisões baseadas em geolocalização ou proximidade dos locais
dos atos” e “sem individualização das condutas”.
Além do STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR), o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Congresso Nacional e o presidente Lula são
mencionados.
Segundo o texto, a PGR teria sido “omissa em agir contra
abusos do Judiciário”, enquanto o Executivo teria adotado “uma postura
conivente e silenciosa diante da escalada autoritária promovida pelo
Judiciário”, estimulando “uma narrativa oficial de que todos os manifestantes
do 8 de Janeiro são ‘terroristas’”.
O TSE, por sua vez, é descrito como “agente ativo de censura
prévia e perseguição a influenciadores, jornalistas e religiosos, sob o
pretexto de “combate às fake news”. Já o Congresso é citado como “negligente na
defesa do equilíbrio entre os Poderes da Constituição”.
Parlamentares de oposição
A petição sustenta que parlamentares opositores, como
Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, Bia Kicis, Damares Alves e Marco Feliciano,
têm sido alvo de “constrangimentos institucionais, perseguições judiciais,
censura de seus conteúdos e ameaças veladas”.
Também são citadas decisões judiciais que teriam determinado
“bloqueio e censura de perfis em redes sociais de jornalistas, parlamentares e
cidadãos comuns”, muitas vezes “com decisões em segredo de justiça e sem
contraditório”.
Entre os nomes mencionados como alvos de bloqueios e
perseguições estão comunicadores, como Allan dos Santos, Paula Schmitt e
Rodrigo Constantino. O texto alega que plataformas, como X, YouTube, Instagram
e Facebook, vêm sendo forçadas “a remover conteúdos e desmonetizar perfis de
figuras públicas de oposição”.
A petição sustenta que há um “cenário de grave crise
institucional” no Brasil e que o sistema jurídico nacional estaria
“disfuncional, parcial e ineficaz diante de abusos de autoridade”. O autor
denuncia um contexto de “lawfare”, em que o sistema de justiça seria utilizado
“para fins de perseguição política”, ferindo os princípios do devido processo
legal, da liberdade de expressão e da separação entre os Poderes.
Por fim, o documento pede que a CIDH adote “medidas
cautelares urgentes” e, eventualmente, leve o caso à Corte Interamericana de
Direitos Humanos. O peticionário solicitou confidencialidade à Comissão,
alegando “fundado receio de represálias por parte de autoridades estatais” e
citando “ameaças, retaliações e perseguições contra opositores políticos”.
Até o momento, a CIDH não se pronunciou oficialmente sobre o
andamento da petição.