cnn -14/08/2024 14:22
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defenderam
Alexandre de Moraes após reportagem do jornal Folha de S. Paulo apontar, na
terça-feira (13), que o ministro teria usado o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) para investigar bolsonaristas.
A analista da CNN Basília Rodrigues conversou com, ao
menos, três ministros do Supremo. Para eles, Moraes é um magistrado
consciente e que tem adotado posturas absolutamente corretas.
Há ministros que apontaram para normalidade sobre a troca de
mensagens com funcionários e destacaram que não se compara com a
chamada “Vaza Jato”, que revelou contato do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro
(União Brasil-PR) com membros do Ministério Público Federal (MPF).
Segundo a reportagem da Folha, o setor de combate à
desinformação do Tribunal Superior Eleitoral foi demandado de forma não oficial
pelo gabinete de Moraes no STF durante e após as eleições de 2022.
Impeachment de Moraes será ampliado e terá coleta pública de
apoios até setembro
A oposição no Congresso Nacional decidiu apresentar o pedido de
impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes apenas em setembro. Dois motivos baseiam essa decisão, segundo
o analista da CNN Caio Junqueira.
O primeiro é aguardar fatos novos do material obtido pela
Folha. A avaliação dos senadores envolvidos na elaboração do pedido é de que é
melhor aguardar a publicação dessas reportagens para que o pedido seja mais
robusto.
O segundo motivo é que os senadores pretendem iniciar uma
coleta pública de assinaturas até o dia 7 de setembro, de modo a assegurar,
segundo seus idealizadores, uma força política maior do pedido.
“Ontem, antes mesmo da reportagem da Folha, já tínhamos
conversado com deputados e senadores e avaliado que já tinha mais de ano que
não tinha pedido de impeachment e nesse período tiveram muitos casos graves de
abuso de poder”, disse à CNN o senador Eduardo Girão (Novo-CE).
“E decidimos lançar uma campanha nacional de apoiamento para
dar entrada após o dia 7 de setembro. E no dia 9 de setembro a gente entrega ao
presidente do Senado”, continuou o parlamentar.
Ainda segundo Girão, a equipe que está cuidando do pedido
“virou a noite aqui para incluir esses fatos publicados pela Folha”.
“O pedido então está em construção e será entregue em
setembro”, finalizou.
Outros políticos bolsonaristas, como a senadora e
ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e os deputados federais Marcel Van
Hattem (Novo-RS), Ubiratan Sanderson (PL-RS) e Carol de Toni (PL-SC) também
repercutiram as informações apresentadas pela matéria.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) também já foi
protocolada na Câmara para investigar possível abuso de autoridade,
segundo o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
O parlamentar mineiro informou, ainda, que irá requerer ao
jornalista Glenn Greenwald, um dos autores da matéria publicada pela Folha de
S. Paulo, o acesso completo aos materiais citados na reportagem.
Pacheco deve “segurar” pedidos de impeachment contra Moraes
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não deve pautar pedido
de impeachment contra Moraes, segundo apurou a analista da CNN Débora
Bergamasco com fontes próximas ao senador.
Pacheco já teria sinalizado a aliados que ainda não há
elementos suficientes para dar encaminhamento ao processo. Ou seja, é preciso
aguardar desdobramentos.
Atualmente, há mais de 20 pedidos de impeachment contra
Moraes parados na Presidência do Senado.
Ex-ministros divergem sobre conduta de Moraes
Ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divergem sobre a conduta do ministro
Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das “fake news”.
Ao blog da analista da CNN Luísa Martins, o
ministro aposentado Ayres Britto – presidente do TSE nas eleições de 2008 e do
Supremo em 2012 – disse não ver irregularidades. “Tempestade em copo d’água”,
classificou.
Segundo ele, a própria Constituição Federal permite que um
ministro exerça as duas funções (tanto no STF quanto no TSE) simultaneamente –
sendo assim, não há nada de errado nos procedimentos adotados.
“Além disso, os relatórios tinham como base mensagens públicas.
É muito diferente da Vaza-Jato, em que Ministério Público e juiz atuaram em
conjunto. Não é o caso”, argumentou.
Ayres Britto reforçou que o TSE tem poder de polícia e que
as alegações de que Moraes teria atuado “fora do rito” podem contribuir para
“assanhar o democraticídio”.
Por outro lado, o ex-decano do Supremo Marco Aurélio Mello
indicou que Moraes pode estar extrapolando as suas atribuições ao conduzir o
inquérito das “fake news”.
“A Polícia investiga, o Ministério Público acusa e o
Judiciário, órgão inerte, somente agindo mediante provocação, com isso
guardando equidistância, independência, julga”, disse.
“Fora isso é a babel, discrepante do Estado Democrático de
Direito”, continuou Marco Aurélio, presidente do Supremo entre 2001 e 2003 e
três vezes presidente da Corte Eleitoral.
Dino presta solidariedade a Moraes
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino,
prestou sua solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes durante
evento do Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados em Brasília nesta
quarta-feira (14).
Em seu discurso, Dino afirmou que se sente “muito impactado
por esse questionamento em que o TSE exerce poder de polícia e manda elaborar
relatório”.
“Aquele que cumpre o seu dever é atacado”, disse se
referindo à Moraes.
“Não consegui encontrar em que capítulo, que preceito isso
viola qualquer tipo de determinação da nossa ordem jurídica. Por isso, ministro
Alexandre, sei que vossa excelência caminha em paz com sua consciência e
caminha com essa convicção de que os procedimentos feitos foram no estrito
cumprimento do dever legal e por isso, perecerá tal qual as espumas das ondas
que se chocam com a praia”, completou.
Novo apresenta queixa-crime contra Moraes
Para a legenda, as conversas divulgadas demonstram que o
ministro participava ativamente da “criação artificiosa, inoficiosa, ilegítima
e ilegal de relatórios” que serviriam como prova em investigações sobre
supostos crimes de atentado ao Estado Democrático de Direito.
“Qualquer indicação de que o relatório foi produzido a
pedido de ALEXANDRE DE MORAES contaminaria todas as decisões
judiciais por vício insanável de nulidade absoluta, haja vista que o aludido
Ministro do Supremo Tribunal Federal estaria impedido ou, no mínimo, suspeito
de apreciar e de decidir qualquer pedido no bojo dos inquéritos das fake news”,
argumenta o Novo na queixa-crime.
O partido também pede que sejam apurados Airton Vieira, juiz
instrutor do gabinete de Moraes, e Eduardo de Oliveira Tagliaferro,
ex-assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação
(AEED), pelos crimes de falsidade ideológica e de associação criminosa.
Após reportagem, Moraes foi a festa, recebeu apoio e mostrou
“serenidade”
Quem esteve com Alexandre de Moraes nas últimas horas garante
que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) está tranquilo e demonstra
muita “serenidade” diante das informações que apontam suposto uso
indevido do TSE para subsidiar inquéritos contra bolsonaristas. Foi o que
apurou a analista da CNN Clarissa Oliveira.
Pouco depois da divulgação da reportagem da Folha sobre o
tema, o ministro foi até a uma festa de aniversário.
A celebração aconteceu na noite de terça-feira (13), em
homenagem à advogada Guiomar Mendes, esposa do ministro Gilmar Mendes, seu
colega no Supremo.
Participantes da festa disseram ter conversado diretamente
com Moraes e ressaltaram que o ministro recebeu ali mesmo o apoio de diversos
colegas de Supremo e da magistratura em geral. Houve, segundo os relatos,
“muitos abraços” e “muita solidariedade”.
Entre os apoiadores de Moraes, a expectativa é de que o STF
fique “fechado” com o ministro em considerar infundada a tese de que ele teria
extrapolado suas atribuições e, principalmente, colocado em risco inquéritos
contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Embora existam críticas internas à ação de Moraes, a
tendência, na visão desses apoiadores do ministro, é de que prevaleça o
espírito de corpo da Corte.
Moraes: procedimentos foram oficiais, regulares e estão
documentados
Em nota, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes
esclareceu que, no curso das investigações, diversas determinações, requisições
e solicitações foram feitas a inúmeros órgãos, inclusive ao TSE. “Os relatórios
simplesmente descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de
maneira objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas às investigações de
milícias digitais”.
“Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão
devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com
integral participação da Procuradoria Geral da República”, encerra o texto.