folhapress -29/07/2024 19:56
O presidente da Argentina, Javier Milei, disse nesta
segunda-feira (29) que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, foi derrotado
nas eleições presidenciais realizadas no domingo (28) no país, e que a
Argentina "não reconhecerá outra fraude". Ainda não há resultados
oficiais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, órgão
responsável pelo peito.
"Ditador Maduro, fora! Os venezuelanos decidiram acabar
com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados apontam uma vitória
acachapante da oposição e o mundo espera o reconhecimento desta derrota depois
de anos de socialismo, miséria, decadência e morte", escreveu Milei em uma
publicação no X, dizendo ainda esperar que as Forças Armadas defendam a
democracia.
Antes de Milei, a ministra das Relações Exteriores da
Argentina, Diana Mondino, pediu que Maduro reconheça a derrota nas eleições
presidenciais do país. Ela escreveu que "a diferença de votos contra a
ditadura chavista é arrebatadora. Perderam em todos os estados por mais de
35%" -não ficou claro a que dados ela se referia. "Não há fraude nem
violên cia que oculte a realidade", completou.
De forma menos incisiva, o presidente do Chile, Gabriel
Boric, disse que "a entrega dos resultados dessa eleição momentosa da
Venezuela deve ser transparente, ágil e refletir integralmente a vontade
popular expressada nas urnas. A comunidade internacional, da qual o Chile faz
parte, não aceitaria outra coisa".
O ministro das Relações Exteriores do Chile, Alberto van
Klaveren, disse que seu governo fazia um apelo para que a vontade do povo
venezuelano seja respeitada. "São horas decisivas na Venezuela e a
democracia deve prevalecer acima de tudo."
Já o Brasil opta pela cautela. A forma como o governo
reagiria quando houver divulgação dos resultados foi alvo de debate nos últimos
dias no Palácio do Planalto e no Itamaraty.
Um dos primeiros pontos levantados foi a necessidade de aguardar
se o resultado seria contestado ou não pelo lado declarado derrotado.
Em nota divulgada na noite deste domingo, o enviado do
presidente Lula (PT) para acompanhar o processo eleitoral na Venezuela, Celso
Amorim, disse que o petista vinha sendo informado ao longo do dia e acrescentou
esperar que "os resultados finais () sejam respeitados por todos os
candidatos."
A oposição venezuelana já cantou vitória e afirmou que
alguns centros de votação no país não estão transmitindo os seus resultados
para o Conselho Nacional Eleitoral.
No comando da campanha de Edmundo González, candidato à
sombra da líder María Corina Machado, a oposição também afirmou que suas
testemunhas nos centros de votação estão sendo impedidas de acessar as atas das
urnas de votação, algo previsto na legislação eleitoral.
Os ex-presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e Colômbia,
Iván Duque, pediram que as Forças Armadas da Venezuela intervenham para
garantir a saída de Maduro. Macri disse que o exército deve "se colocar do
lado certo da história e garantir que a vontade do povo seja respeitada",
enquanto Duque afirmou não haver dúvidas que o regime perdeu as eleições e que
os militares não devem se opor ao resultado.
Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica, fez um apelo
diretamente ao ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, o exortando a
defender a vontade do povo de seu país expressado nas urnas.
O chanceler da Venezuela, por sua vez, publicou um
comunicado denunciando haver em curso uma "operação de intervenção"
no processo eleitoral por parte de "um grupo de governos e poderes
estrangeiros", citando Argentina, Peru e Uruguai, entre outros, e também
nominalmente Macri e Duque.