Mario Sabino Metropoles -20/08/2025 21:33
Hoje, a jornalista Bela Megale publicou que “ministros do Supremo Tribunal
Federal avaliam que a decisão de Flávio
Dino sobre o alcance de leis estrangeiras é uma maneira de fazer com
que os bancos brasileiros também se mobilizem diante das sanções que os Estados
Unidos vêm impondo a autoridades nacionais e ao país de maneira geral”.
Para esses ministros, segundo a jornalista, “os bancos não
devem encarar a Lei Magnitsky como um ataque isolado ao STF, mas ao Brasil, e
trabalharem pela solução do problema”.
Francamente, essa gente enlouqueceu.
O bloqueio de ativos ou contas de empresas americanas será
visto como uma declaração de guerra por Washington, e a resposta será na mesma
moeda e também em outras, bilhões delas, em uma proporção que fará das atuais
sanções comerciais café pequeno.
É outra insanidade ameaçar os bancos brasileiros para que
eles “trabalhem pela solução do problema” dos ministros, como se a inclusão de
integrantes do STF na Lei Magnitsky fosse uma questão do Brasil.
Não é, por mais que berrem que é a soberania do país que
está em jogo. O STF transformou-se em tribunal político, e quem faz política
está sujeito a reações políticas, repita-se.
Os ministros do tribunal não consultam banqueiros, nem
ninguém, imagina-se, para tomar as decisões que extrapolam o leito
constitucional que lhes é destinado — e, assim, não podem exigir que sejam
defendidos por quem não tem nada a ver com isso.
Vendida por ambos os lados como defesa da democracia, essa
guerra entre a família Bolsonaro e o tribunal tornou-se, há muito tempo, uma
rinha particular. Só que os Bolsonaro passaram a contar com o canhão americano.
Quem está no meio desse conflito irracional é a economia
brasileira, cujos exportadores para os Estados Unidos tomaram um balaço na
testa com as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.
Como se não bastasse, os banqueiros nacionais agora são
intimados por ministros do STF a defendê-los da Lei Magnitsky, sob pena de
serem punidos aqui por acatar o que determina a legislação americana à qual
devem obediência, uma vez que contam com negócios nos Estados Unidos.
É ilegítima e intolerável a pressão política de qualquer
lado sobre os agentes econômicos brasileiros. Se pensassem, de fato, no Brasil,
essa gente tomaria jeito e resolveria as suas diferenças sem meter o país na
história.