noticias ao minuto -10/05/2025 22:45
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou que
seria perguntado sobre a crise do INSS em entrevista a jornalistas na manhã
deste sábado (10) em Moscou. "Graças a Deus, a CGU e a nossa Política
Federal, no processo de investigação, com muita inteligência, sem nenhum
alarde, conseguiram desmontar uma quadrilha que estava montada desde
2019."
Logo depois, a pergunta veio. E a parte sobre 2019 ganhou
força e complemento. "Vocês sabem quem governava o Brasil em 2019. Vocês
sabem quem era ministro da Previdência em 2019. Vocês sabem quem era chefe da
Casa Civil em 2019."
Em 2019 o presidente era Jair Bolsonaro, e Onyx Lorenzoni, o
ministro encarregado pela Casa Civil. "A gente poderia ter feito um show
de pirotecnia, mas a gente não quer uma manchete criminal, a gente quer apurar.
As entidades que roubaram vão ter seus bens congelados... para que a gente
possa pagar as pessoas."
Ao jogar a conta para a administração anterior, Lula tenta
tirar o foco de seu próprio governo, pressionado pelo tamanho da fraude que
desviava dinheiro de aposentados do INSS e a disputa interna que o caso gerou.
O atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez críticas ao chefe da CGU,
Vinícius de Carvalho para emplacar o discurso de que a culpa não é do governo
Lula, enquanto a própria Casa Civil ignorou um processo de improbidade
administrativa contra o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, ao
avaliar a sua indicação para o cargo, em 2023. Fidelis é um dos investigados na
operação.
Em Moscou, onde participou da celebração dos 80 anos do fim
da Segunda Guerra e prestigiou o esforço diplomático de Vladimir Putin, a
despeito do conflito na Ucrânia, Lula declarou que o caso tinha uma gravidade
maior por afetar diretamente os aposentados. "Não foi dinheiro dos cofres
públicos [que foi desviado], foi dinheiro do salário dos aposentados."
"Eles não foram no cofre do INSS, eles foram no bolso
do povo. É isso que nos deixa mais revoltados. É por isso que nós vamos a fundo
para saber quem é quem nesse jogo; e se tinha alguém do governo passado
envolvido nisso."
Os descontos indevidos teriam começado em 2019 e a maioria
das entidades fraudadoras foi criada e assinou convênios com o INSS na gestão
Bolsonaro. Os descontos, no entanto, dispararam e atingiram patamares
bilionários após 2022.
Ampliar o escopo do caso é estratégia de governistas no
Congresso para evitar a criação de uma CPI. Davi Alcolumbre, presidente do
Senado que acompanha Lula no périplo internacional, já sinalizou a
parlamentares ser contra a instalação.
"O que eu posso dizer para vocês escreverem para o povo
brasileiro é que as vítimas não serão prejudicadas. Quem vai ser prejudicado
são aqueles que um dia ousaram explorar o aposentado e o pessimista
brasileiro", declarou Lula, que afirmou que o ressarcimento imediato
dependerá do número de afetados, mas que será realizado.
Logo após a entrevista, Lula embarcou para Pequim, onde será
recebido pelo líder Xi Jinping em visita oficial de dois dias.