folhapress -24/07/2025 22:32
O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (24) que
as razões apontadas por Donald Trump para impor tarifas de 50% ao Brasil são
baseadas em mentiras, mas que o país está disposto a negociar caso o americano
assim deseje.
"Ele nos deu até o dia 1º [de agosto]. Se nós não
dermos a resposta, ele vai taxar o nosso comércio em 50%. Eu não sou mineiro,
mas eu sou bom de truco. E se ele tiver trucando, ele vai tomar um seis",
disse o petista, em evento no Vale do Jequitinhonha (MG).
Ao se referir ao jogo de cartas, Lula afirmou que não irá
ceder às ameaças de Trump e irá retrucar ao pedir seis -que no jogo significa
dobrar a aposta.
O presidente afirmou que o Brasil "tem os melhores
negociadores do mundo", mas que, em tentativas anteriores de diálogo com
os Estados Unidos, não foi respondido.
"Ele [Trump] não quer conversar. Se quisesse conversar,
pegava o telefone e me ligava. Se os Estados Unidos quiserem negociar, o
Lulinha estará pronto para negociar. Mas desaforo só da Dona Lindu [mãe do
presidente]. E ela não fazia desaforo porque era o caçulinha dela",
afirmou.
A Folha de S.Paulo mostrou que, a dez dias do prazo para as
novas tarifas entrarem em vigor, os canais de negociação formais entre o
governo brasileiro e o americano seguem fechados.
Americanos sinalizaram que as tratativas só devem caminhar a
partir de uma autorização do presidente Donald Trump para a abertura de canal
oficial de diálogo. Integrantes do Palácio do Planalto dizem ter a informação
de que o caso está na Casa Branca e sem previsão de uma resposta às iniciativas
do governo brasileiro.
No evento desta quinta, Lula repetiu a crítica de que Trump
não pode ser um "imperador do mundo" e rebateu as justificativas
apontadas pelo americano para a nova taxação.
"Ele [Trump] disse que o Brasil precisava parar com a
perseguição a Bolsonaro, porque isso é caça às bruxas. Primeiro ele acredita em
bruxas. Alguém aqui acredita em bruxas pra ter caça às bruxas? Eu não acredito.
Ele desrespeitou a justiça brasileira".
O petista também rebateu a retórica já desmentida do
americano de que os EUA teriam déficit comercial com o Brasil e disse que a
tentativa de regulamentação das redes sociais no país representa a restrição da
"liberdade de agressão", não da liberdade de expressão.