cnn -01/08/2024 06:52
Ao mesmo tempo em que o governo brasileiro afirma esperar a
divulgação das atas das eleições na Venezuela, interlocutores no Itamaraty
avaliam que a publicação pode não ser suficiente para se reconhecer a vitória
ou a derrota de Nicolás Maduro.
Maduro pediu para que Suprema Corte do país audite as
eleições, mas a saída do Centro Carter foi vista com preocupação por diplomatas
porque deixa um vácuo de possibilidade de auditoria confiável. A entidade é
vista como uma das instituições mais independentes no fornecimento de análises
sobre os resultados.
Nesta terça (30), o Centro Carter cancelou a divulgação de um relatório preliminar e
alertou sobre a retirada de funcionários da Venezuela. Em um comunicado
divulgado no início desta quarta-feira (31), a organização pró-democracia
fundada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, afirmou que as
eleições na Venezuela não podem ser consideradas democráticas.
Com isso, o Brasil deve seguir no “modo cautela” ditado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e segurar um reconhecimento do
resultado por tempo indeterminado, a depender também do termômetro dos
acontecimentos no país vizinho. Uma das principais preocupações é com o aumento
da violência urbana em território venezuelano.
A avaliação interna é de que o país não deve tomar partido
sem ter os fatos esclarecidos. O Itamaraty está no limite da ingerência sobre
as eleições e concentra pressões para que a Venezuela dê uma satisfação,
afirmam reservadamente diplomatas ouvidos pela CNN.
Ao mesmo tempo, o governo se volta para as reações
americanas. A saída de cena do Centro Carter é vista como um movimento para que
os Estados Unidos sejam mais duros com o regime do Maduro.
O Brasil celebra como reforço na parceria de confiança o
fato de ter sido consultado sobre o assunto em diversas esferas, chegando à
mais alta delas no contato telefônico entre o presidente dos EUA Joe Biden e o
presidente Lula.
A própria oposição venezuelana põe o Brasil no rol de países
que questionam o processo ao exigirem mais informações.
“Agradecemos à ONU, à OEA, à União Europeia, aos Estados
Unidos, ao Brasil, à Colômbia, ao Chile, ao México, à Argentina, à Espanha, à
Itália, a Portugal, ao Peru, à Costa Rica, a El Salvador, ao Uruguai, ao
Panamá, à Guatemala, à República Dominicana e ao Paraguai, por solicitarem o
respeito à vontade dos venezuelanos expressa em 28 de julho, exigindo a
publicação por tabelas dos registros de votação pelo CNE (Conselho Nacional
Eleitoral), conforme expresso em nosso sistema jurídico e na declaração emitida
pelo Carter Center, um observador internacional convidado pelo CNE”, escreveu
Edmundo González em uma postagem no X.