metropoles -24/10/2023 23:43
O Exército de Israel usou
as redes sociais para provocar a Organização das
Nações Unidas (ONU) ao mandar uma agência da entidade pedir
combustível para o Hamas, grupo extremista que invadiu o território israelense
no último dia 7 de outubro.
A conta oficial das Forças Armadas de Israel na rede social
X, antigo Twitter, respondeu uma publicação do perfil da Agência das Nações
Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na plataforma com uma
imagem de supostos tanques de combustíveis que estariam na Faixa de
Gaza, sob o controle do Hamas.
“Estes tanques de combustível estão dentro de Gaza. Eles
contêm mais de 500.000 litros de combustível. Pergunte ao Hamas se você pode
ter alguns”, escreveu o perfil israelense, respondendo a um alerta de que a
agência está perto de perder as condições de atuar.
A resposta de Israel acontece após o secretário-geral da
ONU, António Guterres, afirmar que “o ataque de Hamas não
aconteceu por acaso” e destacar que o conflito entre Israel e a Palestina se dá
desde 1948, quando o Estado de Israel foi instaurado pela própria ONU sem o
consentimento dos árabes que viviam na região.
“É importante reconhecer que os atos do Hamas não
aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação
sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela
violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas
foram demolidas”, declarou Guterres.
A fala do secretário-geral não repercutiu bem entre as
autoridades israelenses. O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, chegou a
pedir que Guterres renunciasse imediatamente.
“O discurso chocante do secretário-geral da ONU na reunião
do Conselho de Segurança, enquanto foguetes são disparados contra todo Israel,
provou conclusivamente, sem qualquer dúvida, que o secretário-geral está
completamente desligado da realidade na nossa região e que ele vê o massacre
cometido pelos terroristas nazistas do Hamas de uma forma distorcida e imoral”,
escreveu Erdan, na rede social X.
Ajuda humanitária
A ONU tem cobrado a autorização para entrada de ajuda
humanitária na Faixa de Gaza e um cessar-fogo imediato na região. Guterres
defende a necessidade de ajudar os feridos e tratativas para negociar a soltura
de reféns.
“Para aliviar este imenso sofrimento, facilitar a
distribuição das ajudas de maneira mais segura e facilitar a soltura dos
reféns, repito meu apelo por um cessar-fogo humanitário imediato”, declarou
Guterres.
Três comboios com ajuda humanitária entraram em Gaza por
meio da fronteira com o Egito na última segunda-feira (23/10). No entanto, não
há autorização para a entrada de combustíveis na região.
“Sem combustível, não haverá água, nem hospitais e padarias
funcionando. Sem combustível, a ajuda não chegará às pessoas que mais
necessitam. Sem combustível, não haverá assistência humanitária”, afirmou o
comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini.