noticias ao minuto -19/06/2025 14:27
Embora muitas vezes vista como uma possibilidade remota, uma guerra nuclear representa um risco real e com potencial de destruição em larga escala. A jornalista investigativa Annie Jacobsen, autora do livro Guerra Nuclear: Um Cenário, afirma que a humanidade poderia ser extinta em apenas 72 minutos se uma única ogiva fosse disparada. A análise foi detalhada em entrevista ao Valor Econômico nesta semana.
A obra descreve um cenário realista e baseado em dados
oficiais: o disparo isolado de uma bomba atômica seria o estopim para reações
automáticas entre países com arsenal nuclear, culminando em uma destruição em
escala global em pouco mais de uma hora. Atualmente, segundo especialistas
citados na reportagem, mais de 12 mil ogivas estão em condições de uso imediato
no mundo.
"Uma vez que o primeiro míssil é lançado, não há como
conter a escalada. Sistemas automáticos e pressões políticas provocam uma
sucessão de retaliações incontroláveis", explica Jacobsen. Seu estudo é
sustentado por documentos militares, relatórios do governo dos Estados Unidos e
entrevistas com especialistas em segurança internacional.
O impacto de um conflito atômico não se limita às explosões.
O chamado "inverno nuclear" — provocado pela fuligem na atmosfera —
poderia bloquear a luz solar e comprometer a produção de alimentos, levando à
fome em escala bilionária.
Instituições como o Boletim de Cientistas Atômicos alertam
para o mesmo risco. Segundo estimativas, mesmo uma guerra nuclear localizada já
seria suficiente para causar alterações climáticas graves e colocar em risco a
continuidade da civilização como a conhecemos.
O simbólico "Relógio do Juízo Final", criado na
Guerra Fria e mantido por cientistas, permanece em 90 segundos para a
meia-noite — o ponto mais próximo do colapso global desde sua criação. Já o
Future of Humanity Institute aponta que há 1% de chance de extinção humana por
guerra nuclear até o fim deste século. Pode parecer pouco, mas o impacto seria
total e irreversível.
Entre as medidas sugeridas para reduzir o risco, estão a
eliminação gradual de arsenais, ampliação de tratados como o de Proibição de
Armas Nucleares e o fortalecimento da diplomacia internacional. Jacobsen e
outros especialistas também alertam para os riscos de sistemas de resposta
automáticos e da falta de diálogo direto entre líderes globais.
"Armas nucleares não são instrumentos de dissuasão —
são dispositivos de extermínio em massa", resume Jacobsen. Para ela, é
urgente abandonar a visão da guerra nuclear como algo hipotético e começar a
tratá-la como uma ameaça real, que só poderá ser evitada com ação política,
cooperação entre nações e responsabilidade imediata.