imprensa andradina -13/12/2023 12:53
Se a gravidez por si só já traz inúmeras dúvidas e
preocupações à futura mãe, imagina quando ela é diagnosticada com dengue. Em
meio ao surto da doença em todo o país, cresceram também os casos de gestantes
infectadas pelo Aedes aegypti.
Para orientar as grávidas, que precisam redobrar os cuidados
quanto a Dengue, A Equipe de Saúde da UBS “Mário Roberto Marinho” (Santa
Cecília), vai realizar uma palestra no próximo dia 15, às 14 horas para seu
Grupo de Gestantes.
Segundo a coordenadora de Atenção Básica, Carla Back, a
imunidade da gestante é naturalmente mais baixa, já que seu sistema imunológico
sofre diversas modificações ao longo dos nove meses, e isso pode favorecer o
desenvolvimento de complicações. Além disso, o diagnóstico pode ser retardado,
já que em alguns casos é confundido com sintomas típicos da gestação, como perda
sanguínea vaginal, que pode ser um sinal de evolução da dengue para o quadro
hemorrágico.
Nos casos em que a dengue evolui para a forma hemorrágica, o
número de plaquetas da gestante diminui, e os riscos de hemorragia aumentam.
Esse quadro estimula deslocamentos placentários e hemorragias que, se não
controlados, podem levar à interrupção da gravidez.
“O início e o fim da gestação são os períodos que merecem
maior atenção quando há confirmação da doença. Isso porque, nos primeiros três
meses, os riscos de aborto são maiores do que quando comparado a gestantes não
infectadas. Já no final da gravidez, a evolução para a forma hemorrágica é mais
comum, além de haver riscos de parto prematuro”, orientou.
Tratamento
O tratamento é sintomático, ou seja, algumas medicações
podem ser administradas para aliviar os incômodos, mas elas devem ser indicadas
pelo médico para evitar complicações. Além disso, a hidratação é fundamental,
bem como o repouso. Os sintomas podem continuar por até dez dias, mas a
recuperação total leva entre duas e quatro semanas.
É importante lembrar que, mesmo após a total recuperação, a
prevenção contra a doença deve se manter nos meses seguintes da gestação. Isso
porque, embora a gestante tenha ficado imune ao tipo de dengue que a pegou, ainda
há outros três que podem infectá-la.
Para se prevenir, a grávida pode usar repelentes naturais,
como a citronela, e os industrializados. A preferência é pelos produtos à base
de dietiltoluamida (DEET), com concentração entre 10% e 50%. Eles são considerados
seguros e, aliados à eliminação dos focos dos mosquitos, podem diminuir a
exposição e riscos de infecção da doença.
Má formação
Toda vez que se fala em má formação em bebês devido ao Aedes
aegypti logo se imagina a microcefalia, causada pelo vírus da zika. Mas a
novidade científica é que a dengue, transmitida pelo mesmo vetor e velha
conhecida dos brasileiros, pode aumentar em 50% as chances de a criança nascer
com problemas neurológicos.
Estas conclusões fazem parte das investigações de
pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde
(Cidacs) da Fiocruz Bahia, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) e da London School of Hygiene and Tropical Medicine
(LSHTM).
Observando os registros de 16 milhões de nascidos vivos, os
pesquisadores encontraram uma taxa de 6 crianças com má formação congênita a
cada 100 mil nascidos. Contudo, quando a mãe apresentou quadro de dengue
durante a gestação as chances de a criança apresentar má-formação neurológica
foi 50% maior do que aquelas mães que não tiveram dengue.