agencia brasil -10/01/2024 17:36
O governo federal atualizará as regras do Selo
Biocombustível Social, de forma a garantir que metade das compras desse produto
tenha como origem a agricultura familiar. Entre as mudanças está a de
nacionalizar a produção, em especial para os estados das Regiões Norte e
Nordeste, incluindo também áreas do semiárido, como o Vale do Jequitinhonha, em
Minas Gerais.
A reestruturação do selo será publicada em decreto
presidencial, após a versão final do texto a ser apresentada ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o novo texto
traz mais transparência e fortalece os requisitos necessários à concessão e
manutenção do instrumento pelos produtores do biocombustível, bem como
aproveitar a vocação das agriculturas locais, “melhorando a renda e a qualidade
de vida do agricultor familiar em regiões vulneráveis.”
Entre as medidas de estímulo à produção nacional está a
antecipação da mistura de biodiesel aos combustíveis fósseis para 14% a partir
de abril, e 15% entre 2025 e 2026. A expectativa é chegar a 25%, nos anos
subsequentes, informou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta
quarta-feira (10), em evento no qual apresentou alguns detalhes do decreto.
Com o aumento para 14% na mistura, o ministério projeta um
crescimento de 3,05 milhões de toneladas no processamento de soja para a
produção de biodiesel, o que refletirá diretamente na demanda para pequenos
agricultores. Também estão previstos incentivos fiscais a quem produzir
biocombustível.
Além de reestruturar o Selo Biocombustível Social, o decreto
viabilizará investimentos para o agronegócio e setor de combustíveis
brasileiro. “Em 2024 serão 740 milhões, e em 2025, R$ 1,6 bilhão”, disse o
ministro.
Diversificação
Também presente no evento, o ministro do Desenvolvimento
Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que entre os desafios
previstos pelo governo, está o de diversificar os produtos que podem ser usados
para a obtenção de biodiesel, combustível que pode ser derivado de sementes de
mamona, bem como de milho, soja, girassol, cana e babaçu. O leque de opções
pode incluir, por exemplo, a macaúba, palmeira abundante na Região Nordeste.
A diretora de Inovação para a Produção Familiar e Transição
Agroecológica do MDA, Vivian Libório de Almeida, disse que o percentual de
compras nas Regiões Norte, Nordeste e no Semiárido aumentará de forma
escalonada até chegar a 20% do total.
“Atualmente, o programa atende 54 mil famílias por ano. A
expectativa é ampliar para 70 mil famílias, principalmente no Norte, Nordeste e
semiárido”, disse.
Segundo Paulo Teixeira, “o presidente Lula tem, neste tema,
uma de suas predileções”. O governo estuda também formas de baratear o custo da
energia utilizada para irrigar as lavouras. “A energia fotovoltaica pode
reduzir o preço da energia. Precisamos pensar em modicidade tarifária”,
complementou.
Aliança
Presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares e dos
Empreendimentos Solidários e diretor da União Nacional das Cooperativas de
Agricultura Familiar e Economia Solidária, Antônio Cardoso, disse que o Selo
representa uma aliança entre agricultura familiar, cooperativas,
empreendedores, economia solidária, governo e indústria nacional.
“O Selo desconstrói inseguranças jurídicas e redefine o mapa
da indústria, uma vez que representa grande oportunidade de levarmos
agricultura familiar ao Nordeste, ao Norte e ao Semiárido. O
fortalecimento da indústria nacional vai diminui a necessidade de importação.
Nesse contexto, a neoindustrialização passa pelo entendimento do papel da
agricultura familiar,” explicou.