metropoles -19/08/2025 00:02
O Departamento de Estado dos Estados Unidos usou as redes
sociais para responder ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal
(STF), após decisão do magistrado na qual destaca que nenhuma empresa ou
órgão com atuação no Brasil poderá aplicar restrições ou bloqueios baseados em
determinação unilateral de outros países.
Em publicação no X na tarde desta segunda-feira (18/8), o
Escritório de Assuntos do Ocidente (Bureau of Western Hemisphere Affairs)
afirmou que nenhum tribunal estrangeiro pode anular sanções impostas pelos EUA
ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las. O comunicado
ainda faz um ataque direito ao ministro Alexandre de Moraes.
Confira a transcrição do texto traduzido:
“Alexandre de Moraes é tóxico para todas as empresas e
indivíduos legítimos que buscam acesso aos EUA e a seus mercados. Nenhum
tribunal estrangeiro pode invalidar as sanções dos Estados Unidos — ou poupar
alguém das graves consequências de violá-las.
Cidadãos norte-americanos estão proibidos de fazer
transações com ele e cidadãos não americanos devem agir com cautela: aqueles
que fornecem apoio material a violadores de direitos humanos também enfrentam o
risco de sanções.”
Decisão de Dino
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino
decidiu, nesta segunda-feira (18/8), que nenhuma empresa ou órgão com atuação
no Brasil poderá aplicar restrições ou bloqueios baseados em determinações
unilaterais de outros países, reforçando que apenas o Judiciário brasileiro tem
competência para validar medidas desse tipo.
A decisão ocorre em meio ao movimento de municípios
brasileiros que recorreram a tribunais estrangeiros em busca de indenizações
maiores contra a mineradora Samarco, após o rompimento da barragem de Mariana
(MG).
“Desse modo, ficam vedadas imposições, restrições de
direitos ou instrumentos de coerção executados por pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no
País, bem como aquelas que tenham filial ou qualquer atividade profissional,
comercial ou de intermediação no mercado brasileiro, decorrentes de
determinações constantes em atos unilaterais estrangeiros”, escreveu Dino.
Em tese, a decisão de Dino reforça a soberania da jurisdição
brasileira, impedindo que medidas estrangeiras – como as sanções dos Estados
Unidos contra Alexandre de Moraes, baseadas na Lei Magnitsky – tenham efeito
automático no Brasil. No entanto, essas restrições seguem válidas no exterior.
Moraes foi alvo da legislação norte-americana que tem como
objetivo punir autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos. O
governo de Donald Trump citou o processo em curso no STF contra o ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado após a
eleição de 2022. Na ocasião, o líder dos EUA acusou a Justiça brasileira de
promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro.