estadao -28/05/2024 12:06
O governo federal quer elevar o preço mínimo do cigarro para
compensar parte da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia
e dos municípios mantida em 2024, segundo apurou o Estadão/Broadcast (sistema
de notícias em tempo real do Grupo Estado). A proposta deve ser editada por
decreto e pode ser incluída na medida provisória (MP) que vai conter todas as
alternativas para compensação da política salarial. Pessoas que acompanham as
tratativas estimam que a iniciativa pode gerar de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões
aos cofres, mas os números podem passar por revisão.
Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) publicado
no ano passado aponta que, desde 2017, o Brasil não aumenta o preço mínimo do
cigarro, resultando numa redução sustentada da média real do valor de um maço
de 20 unidades fabricado por empresas legalmente registradas no País. Em 2016,
foi publicado o último decreto sobre o tema, quando o preço mínimo passou a ser
de R$ 5.
Já a Lei 12.546, de 2011, criou uma política de preços mínimos
para os cigarros, com vigência a partir de maio de 2012, quando esse piso
passou a ser de R$ 3, aumentando R$ 0,50 anualmente até atingir R$ 4,50 em
2015. O preço mínimo é válido em todo o território nacional e qualquer cigarro
vendido abaixo deste valor será ilegal, diz o site do Inca.
A Receita Federal calcula que serão necessários R$ 25,8
bilhões para restituir a perda arrecadatória com a prorrogação da desoneração -
R$ 15,8 bilhões se referem à renúncia fiscal com o benefício concedido aos 17
setores da economia, e os outros R$ 10 bilhões à mudança na tributação das
prefeituras. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que
será editada uma MP, contendo mais de uma medida de compensação.
Saúde e fiscal
Além de arrecadatória, a iniciativa de aumento do preço
mínimo do cigarro também tem apelo pela agenda de saúde pública. O Inca aponta,
por exemplo, que o aumento dos impostos e preços deste produto é a medida mais
efetiva, especialmente entre jovens e populações de camadas mais pobres, para
reduzir o consumo.
Artigo publicado em 2022 pela Universidade Católica de
Brasília também concluiu que o preço mínimo em R$ 5 está desatualizado e que,
por isso, seu efeito para reduzir o consumo ao tornar os cigarros legais mais
caros perdeu sua eficácia. O documento diz ainda que os aumentos regulares no
preço mínimo do cigarro são necessários para atingir objetivos de saúde pública
e política fiscal.