folhapress -12/09/2025 20:20
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou
nesta quinta-feira (11) ter ficado surpreso e muito descontente com a
condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal
Federal), acusado de tentativa de golpe de Estado.
O republicano não disse se aplicaria novas sanções a
autoridades brasileiras, como foi questionado, mas afirmou que o STF conseguiu
com Bolsonaro o que tentaram fazer com ele próprio nos EUA.
"Eu assisti ao julgamento. Eu o conheço bem. Como líder
estrangeiro, achei que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que
isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas
não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci
como presidente do Brasil. Ele era um homem bom, e não vejo isso
acontecendo.", afirmou, ao deixar a Casa Branca.
Trump ainda classificou o julgamento como algo
"terrível" e "ruim" para o Brasil.
"Estou muito descontente com isso. Eu conheço o
presidente Bolsonaro, não tão bem, mas o conheço como líder de um país. E
sempre o considerei muito direto, muito excepcional, na verdade, como homem, um
homem muito excepcional. Acho que é algo terrível. Muito terrível. Acho que é
muito ruim para o Brasil", disse Trump.
Trump vê semelhança entre os casos porque se tornou réu,
alvo de uma ação penal nos EUA, em agosto de 2023, acusado de tentar subverter
as eleições de 2020.
Em novembro de 2024, porém, após a eleição do republicano, o
procurador especial Jack Smith, porém, pediu o arquivamento do caso. A decisão
foi baseada no entendimento de que não se pode processar presidentes em
exercício.
O processo havia sido apresentado após uma investigação
liderada por Smith sobre as ações de Trump para tentar se manter no poder que
culminaram no ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por uma multidão de
seus apoiadores. Trump fez um discurso inflamado perto da Casa Branca na
ocasião. O republicano, no entanto, conseguiu se livrar da ação e de suas
consequências.
Aliados de Bolsonaro esperam novas sanções a autoridades
brasileiras -do Supremo e também do governo federal- diante do julgamento do
ex-presidente.
Estão no radar dos americanos restringir o visto de mais
autoridades brasileiras e aplicar punições financeiras a mais pessoas. Há ainda
conversas sobre suspender algumas das 700 exceções dadas pelo governo americano
na aplicação de 50% das tarifas a produtos importados do Brasil.
O governo Trump suspendeu a entrada nos EUA de Moraes e
outros sete ministros do STF: Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli,
Cristiano Zanin, Flavio Dino, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. O PGR
(Procurador-Geral da República), Paulo Gonet, também teve o visto suspenso.
Os EUA cancelaram ainda o visto da esposa e da filha de 10
anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em uma suposta retaliação ao
Programa Mais Médicos.