metropoles -21/08/2025 21:40
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil reagiu à ameaça do ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre punir bancos brasileiros que aplicarem sanções estrangeiras, sem a permissão da Justiça do Brasil. O posicionamento foi encaminhado ao Metrópoles, nesta quinta-feira (21/8).
Em nota, a representação diplomática dos EUA, em Brasília,
afirmou que o país continua firme no “compromisso em responsabilizar violadores
de direitos humanos por meio de medidas como as sanções da Lei Global Magnitsky“.
“Essas sanções impostas pela legislação americana são
ferramentas essenciais de responsabilização e não podem ser enfraquecidas sem
gerar consequências financeiras significativas”, disse a embaixada dos EUA. “As
declarações do ministro Alexandre de Moraes, incluindo as que tratam de
exigências para bancos brasileiros, estão fundamentalmente equivocadas e
refletem um padrão preocupante de abuso de poder judicial”, complementou.
Além de se opor as falas de Moraes, a embaixada ainda
questionou o governo brasileiro: “Os líderes eleitos do Brasil agirão de forma
decisiva para se opor a essa situação?”
Não está claro sobre quais “líderes eleitos” o governo
norte-americano se refere. A frase, contudo, coincide com a tentativa da
oposição em pautar o impeachment de Moraes no Senado.
Até o momento, alas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) já coletaram 41 assinaturas. O número é considerado simbólico, já que o
andamento da medida depende do presidente da casa, Davi
Alcolumbre (União Brasil), e precisa de 54 votos para ser aprovado,
caso entre em votação.
Retaliação contra bancos brasileiros
Sancionado com base na Lei Magnitsky, Moraes
declarou, em entrevista à Reuters, que a Justiça brasileira pode punir
instituições financeiras que cumpram ordens de bloqueio dos EUA.
Na prática, o ministro do STF está impedido de realizar
qualquer movimentação financeira ou negócios com instituições dos EUA, ou que
estejam sob a jurisdição do país.
A retaliação contra Moraes tem como plano de fundo o
julgamento de Bolsonaro, acusado de liderar uma organização criminosa que teria
tentado, em 2022, um golpe de Estado no Brasil.
O filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL), é uma das peças centrais na articulação política com
autoridades dos EUA, em busca de sanções contra autoridades brasileiras.
Segundo investigações recentes da Polícia Federal (PF), pai
e filho atuam em busca de uma intervenção no processo judicial sobre a
tentativa de golpe.