g1 -15/08/2024 21:27
Caiu 19% a quantidade de candidatos inscritos para concorrer
nas eleições municipais de outubro deste ano em comparação com a eleição
municipal de 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O 1º
turno ocorre no dia 6 de outubro.
Havia 453.302 candidaturas confirmadas no site do
tribunal até as 19h30 desta quinta-feira (15), data limite para o pedido dos
registros. Em 2020, o país registrou número recorde de 557.678 candidatos
para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador na última eleição
municipal. A marca ocorreu em pleno ano de pandemia de Covid-19.
Os registros online terminaram às 8h, enquanto a entrega
presencial dos documentos nos juízos eleitorais se encerrou às 19h. Esta é a
primeira queda desde a eleição municipal de 2008
As entegas presenciais demandam mais tempo até serem
aprovadas e computadas no sistema online. Com isso, o número ainda pode mudar,
mas a expectativa, segundo apurado pelo g1, é de que não será o
bastante para mudar o cenário de queda entre 2020 e 2024.
É a primeira queda no total de candidatos municipais
desde 2008, quando 381.327 registros foram feitos no TSE. Houve crescimento
contante nas três eleições municipais seguintes: em 2012, 2016 e 2020. Veja
a variação por partido na arte abaixo.
O número deste ano representa queda de 20% no total de
candidatos comparado à eleição anterior, conforme a última atualização do TSE.
O número absoluto é de quase 100 mil candidaturas a menos.
Neste ano, são 15.366 registros para prefeito, queda de 21%
em relação às 19.379 candidaturas em 2020. A queda é de 22% para candidaturas a
vice-prefeito: 15.446 contra 19.814.
Já para a disputa para vereadores, há um total de 422.490
registros aprovados para 2024, 19% menos quando comparado aos 518.485
concorrentes na eleição passada.
Ao todo, o país tem 5.569 prefeituras em disputa nas cinco
regiões e média de quase 3 candidatos para prefeito e vice. Já as vagas
para vereador são 58.464, com média de 7 candidatos para cada cadeira nas
Câmaras Municipais.
Novo (1.108%), DC (41%) e PMB (40%) foram os partidos
com maior crescimento percentual de candidaturas de 2020 para 2024.
Já Cidadania (-72%), PCdoB (-71%) e PV (-62%) registraram as maiores
quedas na quantidade de registros no TSE, conforme dados até 19h30 da
quinta-feira (15).
Possibilidades para a queda
Para a doutora em ciência política Vera Chaia, professora de
Política da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, existem
algumas hipóteses para a queda, como: descrença na política, custo das
campanhas eleitorais, coligações limitando candidatura, entre outros.
"[É preciso] Ver a relação entre os partidos políticos
com as regiões e candidatos. Isso porque quem escolhe os candidatos são os
partidos e preferem aqueles que possuem maior capital político, que tragam
rendimentos políticos para os partidos", analisa a especialista.
O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Jairo
Nicolau considera dentro da normalidade a queda nas candidaturas por conta da
dificuldade de os partidos conseguirem eleger os candidatos em cidades menores.
"Estamos em um processo de compactação. Depois da
pulverização plena do quadro partidário, estamos agora em um outro desenho de
concentração, para um de compactação", analisa.
A análise leva em consideração o quociente eleitoral, que é
a conta feita para definir o número de votos necessário para se eleger um
candidato. O cálculo pega o total de votos e divide pelo total de vagas para
determinado cargo.
Segundo Nicolau, diminuiu a margem de erro para os partidos
escolherem candidatos. "Se eu lanço um candidato a prefeito, por exemplo,
numa cidade média. Se não tem dinheiro, se ele não é competitivo, você está
perdendo tempo. Vários partidos passaram a fazer essa conta porque o cenário
agora é de restrição", aponta.