terra -18/02/2024 22:13
Um grupo de mais de 40 deputados federais, apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), vai protocolar pedido de impeachment contra
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pela fala do chefe do Poder
Executivo neste domingo, 18. Lula comparou a guerra de Israel em Gaza ao
Holocausto.Mais de 28 mil palestinos morreram, sendo 12 mil crianças.
Os deputados citam um trecho da lei que fundamenta os crimes
de responsabilidade para justificar o pedido. O texto diz que é crime
"cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República
ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".
Os parlamentares dizem que a afirmação de Lula é
"injustificável, leviana e absurda". "É uma afronta aos judeus,
aos descendentes do horror do nazismo e algo que só fomenta o crescimento do
antissemitismo no Brasil", diz o texto.
Em Adis Abeba, na Etiópia, Lula disse que não há outro paralelo
ao que está ocorrendo em Gaza a não ser o que foi feito durante a Alemanha
Nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. "O que está acontecendo em Gaza
não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu
matar os judeus", disse Lula.
"Não se pode comparar o incomparável. Nada se compara à
maior tragédia da humanidade, que foi o Holocausto e que vitimou 6 milhões de
judeus, além de diversas minorias", disse Carla Zambelli (PL-SP), uma das
signatárias.
Para o especialista em Direito Eleitoral Alberto Rollo, é
preciso algo além do discurso de Lula para configurar o crime de
responsabilidade. "Entendo que para caracterizar o tipo da lei tem que ter
mais do que discurso ou opinião. Teria que ter envio de armas, soldados, ajuda
para a manutenção do conflito", afirma. "Entendo que comprometer a
neutralidade é efetivamente se engajar por um dos lados. Por enquanto foi só
discurso."
Essa não foi a única reação que partiu do Congresso. No
Senado, o grupo parlamentar Brasil-Israel da Casa condenou e classificou como
"tendenciosa e desonesta" o pronunciamento de Lula.
Também condenaram a fala o presidente de Israel, Binyamin
Netanyahu, e entidades judaicas no Brasil, como a Confederação Israelita do
Brasil (Conib).
"As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e
sérias. São sobre banalizar o Holocausto e tentar ferir o povo judeu e o
direito Israelense de se defender", afirmou Netanyahu em seu perfil no X,
novo nome do Twitter.