cnn -05/08/2025 09:29
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo
Tribunal Federal), teria violado a LGPD (Lei Geral de Proteção de
Dados) ao investigar envolvidos nos atos criminosos do dia 8 de janeiro de
2023. É o que aponta uma denúncia publicada pela Civilization Works —
organização americana que defende ideais liberais.
A Civilization Works é uma organização de pesquisa e causas
públicas, com posicionamento em defesa da civilização liberal-democrática e
crítica ao que considera autoritarismo progressista.
A publicação exibe a troca de mensagens que seriam do
ex-assessor de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Eduardo Tagliaferro,
com outros juízes e auxiliares do ministro, entre eles a chefe de gabinete no
STF Cristina Kusuhara.
As conversas vazadas indicam que o Moraes teria contado com
funcionários do TSE para realizar uma investigação extraoficial sobre os
detidos.
Por lei, qualquer pedido de dados pessoais deve ser feito
pelo Ministério Público ou via autoridades policiais, devidamente justificado e
autorizado por um juiz competente.
As unidades internas do TSE não têm autoridade para conduzir
investigações criminais ou substituir funções da polícia judiciária.
Segundo o texto da Civilization Works, a AEED (Assessoria
Especial para o Combate à Desinformação) teria começado a operar como uma
estrutura paralela de triagem criminal sem qualquer base legal. Equipes sob a
direção do TSE, ainda segundo o texto, teriam acessado bancos de dados
biométricos do tribunal e vasculhado perfis nas redes sociais, gerarando
relatórios internos.
Certidões produzidas com essas informações nunca foram
compartilhadas e submetidas às defesas, nem fizeram parte dos autos, diz a
organização na publicação.
O texto afirma também que a equipe da AEED teria recebido
acesso ao GestBio e começado a usá-lo para identificar manifestantes com base
em imagens — GestBio é o sistema do TSE que armazena os dados biométricos dos
eleitores, como impressões digitais, fotos do rosto e assinaturas coletadas
durante o cadastro eleitoral, informações usadas para evitar fraudes e
duplicidade de registros.
O objetivo dessa busca seria encontrar uma foto recente de
cada detido. Depois de associar um nome a um rosto, a equipe teria vasculhado
as plataformas de mídia social em busca de postagens que pudessem ser
interpretadas como “antidemocráticas”.
“As mensagens mostram funcionários recebendo listas
informais de detidos diretamente da polícia — incluindo nomes, fotos e números
de identidade — sem qualquer cadeia de custódia formal. Em um áudio, um
policial federal pediu para manter a confidencialidade porque os dados eram
‘muito procurados’. O pedido não era apenas por discrição - revelava a
consciência de que o material estava sendo compartilhado fora dos canais legais
adequados”, diz a publicação.
A CNN procurou as assessorias do STF e do TSE para
comentar a publicação, mas ainda não recebeu retorno.