r7 -11/01/2024 15:30
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silvar de apoiar a
ação feita pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de
Justiça (CIJ). "Essa decisão do governo diverge da posição de equilíbrio e
moderação da política externa brasileira", afirma a organização.
"A ação sul-africana é uma inversão da realidade. O
conflito atual começou depois das atrocidades dos terroristas do Hamas contra a
população de Israel, que matou indiscriminada e barbaramente mais de 1.200
pessoas, no ataque mais mortal contra o povo judeu desde o Holocausto. Israel
está apenas se defendendo de um inimigo, ele sim, genocida, que manifesta
abertamente seu desejo genocida de exterminar Israel e os judeus", diz o
comunicado.
"Nesta terrível guerra iniciada pelo Hamas, as forças
de Israel tomam precauções que nenhum outro exército tomou para preservar a
população civil, alertando sobre ataques em áreas urbanas, orientando civis a
saírem da zona de conflito, permitindo ajuda humanitária. O Hamas se esconde
covarde e deliberadamente atrás dos civis de Gaza porque suas mortes são usadas
como arma contra Israel na opinião pública mundial. É frustrante ver o governo
brasileiro apoiar uma ação cínica e perversa como essa, que visa impedir Israel
de se defender de seus inimigos genocidas", acrescenta.
O apoio de Lula à ação contra Israel foi comunicada pelo
Ministério das Relações Exteriores nesta quarta-feira (10). No mesmo dia, o
presidente recebeu o pedido de suporte durante reunião com o embaixador da
Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben.
"À luz das flagrantes violações ao direito
internacional humanitário, o presidente manifestou seu apoio à iniciativa da
África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça para que determine
que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir
genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção para a Prevenção e
Repressão do Crime de Genocídio", afirma o Itamaraty.
"O governo brasileiro reitera a defesa da solução de
dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável convivendo lado a
lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas
e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia,
tendo Jerusalém Oriental como sua capital", completa.
O embaixador da Palestina no Brasil se reuniu com Lula e
pediu o apoio do governo brasileiro ao documento sul-africano.
"Solicitamos, sim, o apoio do Brasil a esta iniciativa da África do Sul,
que tem como objetivo pôr fim o genocídio contra o povo palestino e libertar,
tanto o Israel deste episódio, quanto a Palestina. E [o presidente respondeu]
que está estudando [a medida]", afirmou Alzeben.
A Corte Internacional de Justiça é um órgão judicial da
Organização das Nações Unidos (ONU), responsável por julgar disputas entre
países. A África do Sul apresentou o documento e alegou supostas violações à
Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio durante o conflito
em Gaza. Estão previstas reuniões para discutir o tema nos dias 11 e 12 de
janeiro.
O requerimento apresentado em 29 de dezembro de 2023 pediu a
instituição de um processo contra Israel alegando que "atos e
omissões" do país têm a intenção de "destruir os palestinos em Gaza
como parte do grupo nacional, racial e étnico palestino mais amplo". O tratado
internacional define genocídio como "atos cometidos com a intenção de
destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou
religioso".