r7 -04/04/2024 13:13
Após o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), manter a desoneração dos municípios ao desidratar a medida provisória do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, líderes do governo tentam emplacar um projeto para estabelecer
aumento gradual da contribuição previdenciária das cidades.
A proposta recai sobre municípios com até 50 mil habitantes
e receita corrente líquida per capita de até R$ 3.895 e é assinada pelos
deputados José Guimarães (PT-CE) e Odair Cunha (PT-MG).
"Segundo estimativas realizadas, esse benefício
alcançaria as cidades mais pobres do país, contemplando cerca de 2,5 mil
municípios, que representa 45% de todas as cidades do país", alegam os
autores.
A proposta abarcaria apenas cidades sem débitos tributários
e proíbe que municípios com regime próprio de previdência e beneficiados pela
medida migrem para o regime geral.
Atualmente, a contribuição previdenciária para municípios
com até 156 mil habitantes está em 8% e essa proposta do governo quer aumentar
o percentual para 18% em 2026. Pela medida provisória, o percentual de cobrança
era de 20%.
Guimarães e Cunha reconhecem que a diminuição desafoga
as contas públicas de mais de 5,3 mil municípios brasileiros, que
representa 96% de todas as cidades do país.
"Não se pode olvidar, todavia, que a contribuição sobre
a folha é relevante fonte de receitas da Seguridade Social, sendo fundamental
para garantir o pagamento dos benefícios concedidos aos segurados do Regime
Geral de Previdência Social", ponderam, justificando que a manutenção da
desoneração nos moldes atuais geraria um impacto fiscal anual da ordem de R$ 4
bilhões.
O projeto prevê alíquotas de 14% em 2024, 16% em 2025,
chegando a 18% em 2026. Também há a oferta de refinanciamento das dívidas não
pagas com a Previdência em até 60 meses, mediante um desconto de até 70% de
multas e juros. A dívida dos municípios com o INSS gira em torno de R$ 240
bilhões, segundo dados fornecidos pelos representantes dos prefeitos.
A articulação em torno do projeto está no início e não
avançou esta semana, já que vários parlamentares permaneceram nos estados
focados nas eleições municipais. Além da proposta, o governo estuda judicializar o tema.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa quarta
(3) que a Advocacia-Geral da União (AGU) avalia contestar a retomada da
desoneração da folha de pagamento dos municípios.
Entenda
Em agosto do ano passado, o Congresso aprovou a extensão da
desoneração da folha de pagamento para 17 setores e para municípios de até 156
mil habitantes. O presidente Lula vetou essa medida, mas o Congresso derrubou o
veto, garantindo a continuidade da desoneração.
Com isso, o governo editou uma medida provisória para reonerar
a folha de pagamento, mas sofreu pressão do Legislativo e de entidades
representantes das prefeituras e dos setores desonerados.
Pacheco retirou da MP nessa segunda (1º) a decisão do
governo de reonerar a contribuição previdenciária das prefeituras, ao contrário
do que defende o ministro da Fazenda. Ele classificou a decisão do governo de
discutir o assunto por medida provisória como "descabida" e reafirmou
que a desoneração da folha de pagamento para municípios e 17 setores da
economia foi uma decisão do Congresso Nacional que deve ser respeitada.
"Se há algum erro [na desoneração da folha de
pagamento], que se discuta por meio de um projeto de lei que busque mudar o
modelo estabelecido pela lei", completou Pacheco.