metropoles -27/09/2023 18:25
Parlamentares do PL, Novo e de 22 frentes parlamentares
reafirmaram, nesta quarta-feira (27/9), que vão impedir votações na Câmara dos Deputados e
no Senado Federal em “protesto” às últimas decisões tomadas pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). O movimento começou nessa terça-feira (26/9). Nesta
quarta, uma
série de comissões tiveram atividades canceladas — entre elas, a que votaria a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 9/2023, a PEC da Anistia. A
ordem do dia no plenário da Câmara também foi cancelada.
O grupo protesta contra decisões e julgamentos da Suprema
Corte sobre o Marco Temporal das terras indígenas, a legalização do aborto até
12 semanas de gestação e a descriminalização das drogas. Em
contramão à Suprema Corte, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
aprovou, nesta quarta, um projeto de lei que estabelece o Marco Temporal.
Em coletiva de imprensa nesta tarde, o líder do PL na
Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou que as últimas decisões do STF são
“invasões ao Poder Legislativo”.
“Não é um movimento de direita ou de esquerda, é um
movimento do Parlamento. Não podemos aceitar que tenham acontecido invasões ao
Poder Legislativo. Fomos eleitos para fazer as legislações pertinentes a
diversos temas. Cada Poder deve se restringir ao seu papel. Essas frentes
[parlamentares] reunidas com o PL e o Novo vêm defender as prerrogativas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal”, afirmou Côrtes.
O posicionamento foi reafirmado pelo presidente da Frente
Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-RR), que citou os
julgamentos recentes na Suprema Corte e ressaltou que o grupo não vai aceitar
“interferências” no Legislativo.
“Sejamos deputados ou senadores, cabe a nós a tomada de
decisões em nome da sociedade brasileira. Seja na relativização constante do
direito de propriedade, seja na liberação das drogas e do aborto, na
dificuldade constante da garantia da legítima defesa, a regulação de redes
sociais e liberdades individuais… Isso tudo que as frentes parlamentares
congregam”, destacou Lupion.
Ele ressaltou que o grupo de parlamentares continuará
obstruindo as votações na Casa. “Ontem não tivemos votações e deliberações
nesta Casa. Hoje também não tivemos e não vamos ter, amanhã não teremos. Todos
nós estamos dando um basta a esse completo e indesejado desmonte do Poder
Legislativo”, completou.
Bancadas ruralistas e de combate às drogas, bem como frentes
parlamentares ligadas a temas religiosos e conservadores – Católica,
Evangélica, de Segurança Pública, dos caçadores, atiradores e colecionadores
(CACs) e Contra o Aborto, entre outras –, adotam posicionamento idêntico.
Altineu Cortês, presidente do PL
Movimento no Senado
Apesar da posição mais ostensiva da Câmara, o movimento de
obstrução também tem sido é adotado no Senado. Na terça-feira, o líder da
oposição na Casa Alta, Rogério Marinho (PL-RN), anunciou que a minoria do
Senado também deve esvaziar votações.
A informação foi compartilhada pelo senador em uma coletiva
de imprensa para divulgar um projeto de decreto legislativo (PDL) que pede um
plebiscito sobre a legalização do aborto, tema que está em julgamento no STF.
Nas últimas semanas, o Senado recebeu uma série de projetos
que batem de frente com decisões do STF. O presidente da Casa Alta, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), apresentou, em 14 de setembro, uma PEC que criminaliza o
porte e a posse de drogas em qualquer quantidade.
Além disso, o Marco Temporal das terras indígenas, aprovado
nesta quarta pela CCJ do Senado, deve ter urgência votada no plenário da Casa
Alta ainda nesta semana, dias após a Suprema Corte decidir pela
inconstitucionalidade da tese.