g1 -14/06/2023 23:14
A Câmara dos
Deputados aprovou nesta quarta-feira (14) uma medida provisória que
relançou o programa Mais
Médicos, que tem como um dos objetivos diminuir a carência dos
profissionais em regiões vulneráveis e expandir o atendimento do Sistema Único
de Saúde (SUS).
O texto-base foi aprovado por 353 votos a favor a 58
contrários. Um dos pontos mais polêmicos, que dispensava uma das etapas do
Revalida para inscritos no programa, foi retirado por acordo com o governo (veja
mais abaixo). Com isso, a proposta segue para o Senado.
Por se tratar de uma MP, o texto já estava em vigor desde
que foi editado
pelo governo. Contudo, para se tornar lei em definitivo, precisa ser
aprovado em até 120 dias pelo Congresso. A proposta perde a validade no dia 2
de agosto.
O programa Mais Médicos foi criado em 2013 no governo da
então presidente Dilma Rousseff (PT). À época, gerou polêmica já que boa
parte dos médicos vinha de Cuba, em uma parceria com a Organização Panamericana
de Saúde (Opas).
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a refundar
o programa com o nome "Médicos pelo Brasil". Ao longo do governo
Bolsonaro, 5 mil vagas deixaram de ser preenchidas.
Entre outros pontos, a medida provisória aprovada pelos
deputados prevê incentivos adicionais para médicos que atuarem por longo
período no projeto em área de "difícil fixação":
20% do valor da bolsa para quem ficar por 4 anos em área
de vulnerabilidade indicada em ato do Ministério da Saúde;
e 10% adicional para quem atuar por 4 anos nos
demais municípios de difícil fixação.
Há também um adicional para médicos formados por meio do
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies):
80% do total das bolsas, em caso de áreas vulneráveis;
e 40% da bolsa, nos demais municípios.
O benefício, contudo, também será restrito a número de
vagas, que ainda será definido pelo Ministério da Saúde.
Além disso, o texto prevê indenização por formação em
especialidades estratégicas para o SUS. Formados pelo Fies poderão ter
remissão total do saldo devedor se ingressarem em residência de Medicina de
Família e Comunidade e cumprirem, de forma ininterrupta, dois anos de formação.
A proposta também inclui como regiões prioritárias, dentro
dos critérios de vulnerabilidade, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas,
as comunidades remanescentes de quilombos e as comunidades ribeirinhas.
Revalida
Um dos pontos mais discutido entre os parlamentares foi a
dispensa para médicos formados em países estrangeiros da prova prática do
Revalida — um exame necessário para validar o diploma no Brasil e poder exercer
a profissão no país.
A versão aprovada na comissão
mista que debateu a MP dispensava a prova prática para médicos que já
atuassem por quatro anos no programa e fossem aprovados em avaliações
periódicas.
Antes da votação do texto-base, o líder do governo, deputado
José Guimarães (PT-CE), fez um acordo em favor da retirada desse ponto, que foi
alvo de um destaque (votação em separado para retirá-lo) do PL.