cnn -13/04/2024 05:24
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama
Michelle Bolsonaro entraram na Justiça com um processo contra a União devido às
falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o desaparecimento de
móveis do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
A ação cível foi protocolada na Justiça Federal do Distrito Federal
(TJDFT) na quarta-feira (10). Nela, o casal Bolsonaro pede uma indenização de
R$ 20 mil por danos morais. Jair e Michelle Bolsonaro exigem ainda uma
retratação pública em relação ao caso por meio de canais oficiais da
Presidência da República.
No mês passado, o ex-presidente e a esposa entraram com uma
ação cobrando indenização diretamente
ao presidente Lula. A Justiça do DF, porém, rejeitou
o pedido por entender que a ação deveria ter sido movida contra a
União.
Em março deste ano, a Comissão de Inventário Anual da
Presidência localizou todos os bens do Palácio da Alvorada, em uma lista que
incluía móveis, utensílios, obras de arte e livros, que
haviam sido dados como desaparecidos em meio à transição entre os
governos Bolsonaro e Lula.
No começo do governo, o presidente Lula e a primeira-dama
Rosângela Lula da Silva, a Janja, deram entrevistas para relatar o sumiço de
parte da mobília do Alvorada, além de criticar
o que seria a má-conservação do palácio.
“Faz mais de 45 dias que estou num hotel a espera de que a
gente consiga liberar o Alvorada, porque o cidadão que estava morando lá não
tinha nenhuma disposição e intenção de cuidar daquilo. Nem cama a gente
encontrou no quarto presidencial”, afirmou Lula, em janeiro de 2023, em
cerimônia no Palácio do Planalto.
Em meio às críticas, a Presidência da República gastou,
meses depois, R$ 196 mil em móveis por meio de uma compra feita de forma
emergencial com dispensa de licitação. Entre os objetos comprados,
estavam um
sofá reclinável de couro no valor de R$ 65 mil e uma cama king size de R$ 42
mil.
Na petição, a defesa do casal Bolsonaro cita falas em que
Lula levanta suspeitas em relação ao sumiço dos móveis do Palácio do Alvorada.
“O réu (Lula), reiteradas vezes disse, nos mais diversos veículos de
comunicação, que os autores (Jair e Michelle) ‘levaram’ e ‘sumiram’ com os bens
do Palácio da Alvorada”, afirma.
Retratação em canais oficiais
Como parte das falas de Lula foram proferidas durante
cerimoniais de Estado, a defesa argumenta que a União “atrai a responsabilidade
por reparar os danos causados pelo réu”, o que poderia ser feito por meio de
ser obrigada a publicar uma eventual sentença condenatória em canais oficiais
da Presidência da República, além de emissão de nota de retratação.
“O fato é que parcela do povo brasileiro foi influenciado
pela disseminação enganosa proferida pelo Réu, acreditando que os Autores
‘furtaram’ os móveis do Palácio da Alvorada por mera liberalidade e intuito
danoso, o que não é verdade, como já narrado e comprovado na documentação
anexa”, argumenta.
Em nota publicada em março, após a localização dos móveis, a
Presidência da República disse, por meio de sua Secretaria de Comunicação
Social, que os bens estavam espalhados por “dependências diversas” da
residência, o que, ainda assim, configuraria um “descaso”, dado o “esforço para
localizá-los todos novamente”
A CNN procurou o Palácio do Planalto para um
posicionamento sobre a ação movida pelo casal Jair e Michelle Bolsonaro. Até o
momento da publicação deste texto, não houve retorno.