REUTERS E CNN -20/12/2023 22:53
O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta
quarta-feira (20) uma série de mudanças na economia do país. Em discurso em
rede nacional após um dia de protestos na capital Buenos Aires, Milei abordou o
que chamou de plano de estabilização de choque.
O decreto de reforma econômica acabará com os limites às
exportações e autorizará medidas para afrouxar as regulamentações, à medida que
seu novo governo combate uma grave crise econômica.
“Hoje iniciamos formalmente o caminho da reconstrução”,
disse o presidente argentino, ao lado dos seus 12 ministros de Estado.
Antes de anunciar seu plano, Milei teceu críticas aos
governos passados, aos políticos e ao que chamou de “sociedade coletivista
argentina”.
“Em uma clara oposição ao espírito de nossa Constituição
liberal que pretendia limitar o poder arbitrário do Estado em defesa da vida,
liberdade e propriedade dos indivíduos, durante os últimos 100 anos os
políticos procuraram expandir o poder do Estado em detrimento dos argentinos de
bem”, disse Milei.
“Essa expansão do Estado veio acompanhada da maior
destruição de riqueza do nosso país”, acrescentou.
Ao final do pronunciamento, Milei anunciou 30 medidas
econômicas para o país.
Medidas anunciadas
São as medidas e as explicações anunciadas por Milei:
1. Revogação da Lei do Aluguel: para que o mercado
imobiliário “volte a funcionar sem problemas e o processo seja menos
complicado”;
2. Revogação da Lei de Abastecimento: para que o Estado
“nunca mais ataque os direitos de propriedade dos indivíduos”
3. Revogação da Lei das Gôndolas: tem o objetivo de fazer
com que o Estado “deixe de se envolver nas decisões dos comerciantes
argentinos”
4. Revogação da Lei Nacional de Compras, que, segundo Milei,
beneficia apenas “determinadas pessoas no poder”
5. Revogação do Observatório de Preços do Ministério da
Economia: visa “evitar perseguições às empresas”
6. Revogação da Lei de Promoção Industrial
7. Revogação da Lei de Promoção Comercial
8. Revogação da regulamentação que impede a privatização de
empresas públicas
9. Revogação do regime das empresas estatais
10. Transformação de todas as empresas do Estado em
sociedades anônimas para sua subsequente privatização
11. Modernização do regime de trabalho para facilitar o
processo de geração de emprego
12. Reforma do Código Aduaneiro, para facilitar o comércio
internacional
13. Revogação da Lei de Terras para promoção de
investimentos
14. Modificação da Lei de Combate ao Fogo
15. Revogação das obrigações das usinas de açúcar em relação
a produção
16. Liberação do regime jurídico aplicável ao setor
vitivinícola
17. Revogação do sistema nacional de comércio mineiro e do
Banco de Informação Mineração
18. Autorização para transferência do pacote total ou
parcial de ações da companhias aéreas argentinas
19. Implementação da política de céu aberto
20. Modificação do Código Civil e Comercial para reforçar o
princípio da liberdade contratual entre as partes
21. Modificação do Código Civil e Comercial para garantir
que as obrigações contratuais em moeda estrangeira devam ser pagas na moeda
acordada
22. Modificação do marco regulatório de medicamentos e obras
pré-pagas social
23. Eliminação de restrições de preços na indústria pré-paga
24. Incorporação de empresas de medicamentos pré-pagos ao
regime de obras sociais
25. Estabelecimento da prescrição eletrônica para agilizar o
atendimento e minimizar custos
26. Modificações ao regime das empresas farmacêuticas para
promover concorrência e reduzir custos
27. Modificação da Lei das Sociedades por Ações, para que os
clubes de futebol possam se tornar corporações se assim o desejarem
28. Desregulamentação dos serviços de Internet via satélite
29. Desregulamentação do setor de turismo através da
eliminação do monopólio das agências de viagens
30. Incorporação de ferramentas digitais para procedimentos
de registro automotivo
Protestos
Ao longo da quarta-feira, milhares de manifestantes saíram
às ruas de Buenos Aires para protestar contra o presidente Javier Milei. A
passeata aconteceu mesmo após o governo ter prometido uma série de punições
contra quem tentasse bloquear as ruas do país.
A manifestação terminou na Plaza de Mayo, principal praça do
centro da cidade de Buenos Aires, aproximadamente às 18h (horário de Brasília).
Apesar do ambiente de tensão, os protestos terminaram sem confrontos policiais.
Essa foi a primeira manifestação contra o governo de Javier
Milei, que assumiu a presidência no dia 10 de dezembro.