noticias ao minuto -30/06/2025 09:14
Ministério Público do Peru informou, nesta segunda-feira
(30), que José Miguel Castro, ex-gerente da prefeitura de Lima e uma das
principais testemunhas no julgamento por corrupção contra a ex-prefeita Susana
Villarán, foi encontrado morto em casa no último domingo (29). Castro estava em
prisão domiciliar em sua residência no bairro de Miraflores, na capital
peruana. As causas da morte ainda não foram divulgadas.
Castro era uma das figuras centrais no processo judicial que
acusa Villarán de ter recebido subornos das construtoras brasileiras Odebrecht
e OAS durante seu mandato como prefeita de Lima, entre 2011 e 2014. Segundo o
Ministério Público peruano, o julgamento estava previsto para começar em 23 de
setembro de 2025. José Miguel Castro também seria julgado no mesmo processo.
O procurador anticorrupção José Domingo Pérez, responsável
pelo caso, lamentou a morte do ex-funcionário. “Ele era a segunda pessoa mais
importante atrás de Villarán. Contávamos com a sua preciosa contribuição para o
julgamento”, declarou em entrevista ao canal de televisão N.
Villarán, de 75 anos, é acusada de chefiar uma organização
criminosa que teria recebido mais de 10 milhões de dólares em propinas das
empreiteiras Odebrecht e OAS. A ex-prefeita chegou a cumprir prisão preventiva,
mas está em liberdade condicional desde maio de 2021. Em 2019, ela admitiu que
as duas empresas financiaram, em 2013, uma campanha contra um processo de
destituição iniciado por seus opositores. À época, estimou que os repasses
somaram cerca de quatro milhões de dólares.
Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru e um dos
principais delatores do caso, afirmou que os pagamentos foram feitos por receio
de que os contratos firmados com a prefeitura fossem cancelados se Villarán
deixasse o cargo. O empresário assinou um acordo de colaboração com as
autoridades peruanas e forneceu informações detalhadas sobre as operações da
construtora no país.
A morte de Castro ocorre em um momento crucial para o caso,
que envolve denúncias de corrupção com repercussões internacionais. As
investigações sobre o esquema de pagamento de propinas revelaram conexões entre
líderes políticos, empresários e grandes obras públicas em diversos países da
América Latina.
No Brasil, o escândalo envolvendo a Odebrecht foi revelado a
partir da Operação Lava Jato, iniciada em 2014 pela Polícia Federal. A
empreiteira foi acusada de pagar bilhões de reais em propinas a políticos,
partidos e funcionários públicos em troca de contratos com estatais,
especialmente a Petrobras. O caso levou à condenação de dezenas de empresários
e agentes públicos. Como parte de um acordo de leniência, a empresa reconheceu
os crimes e apresentou delações premiadas que permitiram o avanço de investigações
em outros países.
A Odebrecht reconheceu, junto ao Departamento de Justiça dos
Estados Unidos, o pagamento de aproximadamente 788 milhões de dólares em
propinas em cerca de dez países latino-americanos entre 2001 e 2016. No Peru,
os valores somam pelo menos 29 milhões de dólares entre 2005 e 2014.