afp -25/11/2023 16:52
O policial Derek Chauvin, condenado
pelo assassinato do afro-americano George Floyd em 2020, foi esfaqueado na
prisão nesta sexta-feira (24), noticiou o The New York Times, citando duas
fontes anônimas.
Chauvin, que é branco, ajoelhou-se no pescoço de Floyd
durante mais de nove minutos em uma rua de Minneapolis, apesar das súplicas
dele antes de morrer.
O caso gerou protestos massivos por justiça social naquele
ano, nos quais os berros de Floyd ao dizer "não consigo respirar" se
tornaram um grito de guerra para os manifestantes que saíram às ruas.
A Agência Federal de Prisões confirmou a agressão à AFP, sem
revelar o nome do ferido.
“Uma pessoa encarcerada foi agredida na Instituição
Correcional Federal (FCI) em Tucson”, no estado do Arizona, disse em
comunicado.
“Os funcionários iniciaram medidas para salvar a vida de um
indivíduo encarcerado”, que foi enviado para “um hospital local para tratamento
e avaliação”, explica o boletim. Chauvin sobreviveu ao ataque, segundo uma
fonte do New York Times.
Chauvin foi condenado por assassinato de segundo grau,
assassinato de terceiro grau e homicídio de segundo grau em 2021 e sentenciado
a 22 anos e meio de prisão.
A morte de Floyd, capturada em vídeo, também ajudou a
alimentar uma importante discussão sobre racismo e policiamento nos Estados
Unidos e em todo o mundo.
Uma investigação posterior do Departamento de Justiça sobre
a polícia de Minneapolis, cujas conclusões foram divulgadas em junho de 2023,
afirmou que seus agentes recorriam rotineiramente a práticas violentas e racistas,
"incluindo força letal injustificada".
Minneapolis, no estado de Minnesota, também resolveu uma
ação por homicídio movida pela família de Floyd e concordou em pagar US$ 27
milhões.
Chauvin recorreu da condenação por assassinato de segundo
grau, mas seu recurso foi rejeitado pela Suprema Corte no início deste
mês.
“No fim das contas, todo o julgamento, incluindo a sentença,
foi uma farsa”, declarou ele na prisão em um documentário recente.
Mas na audiência de sentença ele disse pouco, “devido a
algumas questões legais adicionais em questão”. “Quero oferecer minhas
condolências à família Floyd”, acrescentou.
Fora isso, ele permaneceu inexpressivo, como fez durante o
julgamento, mesmo quando testemunhas prestaram depoimento contra ele.
O advogado de Chauvin, Eric Nelson, disse que seu cliente
“exalava uma atitude calma e profissional” em suas interações com Floyd e
tentou convencer o júri de que o ex-policial aplicou uma contenção autorizada
consistente com seu treinamento.
Mas os promotores argumentaram que Chauvin usou força
excessiva, não apenas contra Floyd, mas contra outras pessoas que deteve
durante seus 19 anos de carreira.
Antes do julgamento, os promotores encontraram vários
exemplos de seu modus operandi, incluindo o caso de Zoya Code, uma jovem
negra detida por Chauvin em 2017.
“Mesmo que a mulher não estivesse resistindo fisicamente de
forma alguma, Chauvin se ajoelhou sobre o corpo dela, usando o peso de seu
corpo para prendê-la ao chão”, disseram os promotores.