folhapress -06/10/2024 23:01
A ação envolveu tanques e blindados, além de ataques aéreos que se espalharam por todo o território ao longo da madrugada e domingo (6). Ao menos 20 pessoas morreram no norte de Gaza, segundo as autoridades locais.
Na véspera do aniversário de um ano do 7 de Outubro, Israel
lançou uma ofensiva terrestre pela primeira vez em meses contra a Faixa de
Gaza. O objetivo, diz Tel Aviv, é desmantelar novas células do Hamas e evitar a
reorganização grupo terrorista no norte da região palestina.
A ação envolveu tanques e blindados, além de ataques aéreos
que se espalharam por todo o território ao longo da madrugada e domingo (6). Ao
menos 20 pessoas morreram no norte de Gaza, segundo as autoridades locais.
Mas o ataque mais mortífero ocorreu no centro de Gaza, na área de Dei al-Balah.
Lá, uma mesquita e uma escola foram atingidas, e ao menos 24 pessoas morreram e
93, ficaram feridas, segundo o ministério da Saúde ligado ao Hamas.
Israel afirma ter feito bombardeio de precisão conta bases
do Hamas, que usualmente estão misturadas a centros civis. O grupo terrorista
nega fazer isso, embora haja evidências fartas sobre a prática. Desde que foi
atacado pelos palestinos há um ano, Israel tem assumido o desgaste das 41,8 mil
mortes que a destruição de Gaza provocou.
No sábado, Tel Aviv emitido ordem de evacuação de civis da
região que atacou, mas a precariedade da região dificulta movimentos: estima-se
que 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza já tenham se deslocado
internamente no conflito.
A operação israelense veio após as Forças Armadas decretarem
estado de alerta para ataques terroristas devido ao aniversário do 7 de
Outubro, o maior atentado de sua história, promovido pelo Hamas há um ano. Além
disso, há a tensão devido à escalada do conflito para uma guerra maior, com a
ofensiva contra o aliado do Hamas Hezbollah no Líbano e o bombardeio que o Irã
promoveu na semana passada.
Eventos de celebração da memória das 1.170 vítimas e
protestos por um acordo que solte os talvez 64 reféns ainda vivos em Gaza foram
descentralizados por causa desse cenário. Jerusalém, que tem restrições menores
para a reunião de pessoas, concentrou atos no sábado (5).
As operações no Líbano continuam, com uma das maiores séries
de explosões desta guerra sendo registrada nos subúrbios da zona sul da capital
libanesa. Por quase meia hora, colunas de fogo e fumaças eram vistas no céu da
aurora.
Não há ainda balanço de vítimas. Desde que escalou a guerra contra o Hezbollah,
Israel vem mirando os bunkers do grupo na capital, que costumavam ficar fora
das escaramuças usuais entre os rivais desde a guerra de 2006.
Isso mudou agora, e na sexta retrasada (27) Tel Aviv matou o
chefe da facção, Hassan Nasrallah. Na quinta (3), provavelmente atingiu seu
sucessor presumido, Hashem Safieddine, que não mais foi visto. Ainda não há
confirmação de seu paradeiro.
No sul libanês, os combates continuam entre forças
terrestres de Israel e o Hezbollah. Tel Aviv disse no sábado (5) que já havia
destruído 2.000 alvos do grupo na região e matado 440 soldados. Até aqui,
relatou dez mortes israelenses.
Isso tudo ocorre enquanto o mundo espera a retaliação
anunciada por Israel contra o Irã, o patrono do Hezbollah, do Hamas e de uma
miríade de grupos contrários à existência do Estado judeu no Oriente Médio.
As opções mais duras, de bombardeio a instalações do
programa nuclear de Teerã ou de sua capacidade de exportar petróleo, têm a
oposição pública dos EUA, fiador de Tel Aviv. Como os iranianos miraram bases
militares em seu ataque da terça (1), não é impossível uma retaliação
semelhante, mas mais intensa.
Em qualquer um dos casos, o risco de a situação sair de
controle de vez, com o envolvimento dos vitaminados ativos militares americanos
na região, é grande.