g1 -11/11/2023 18:48
O grupo de 34 brasileiros autorizados a deixar a Faixa de
Gaza nesta sexta-feira (10), depois de mais de um mês de guerra, segue
aguardando a liberação para atravessar a fronteira com o Egito, pela passagem de
Rafah, ainda
sem previsões de quando o deslocamento será realizado.
A espera ocorre porque, por conta da guerra, o consenso
entre as autoridades que controlam a fronteira é que as ambulâncias sempre
têm prioridade para deixar o local - o que não está acontecendo por conta
dos ataques às regiões em que estão os hospitais.
Há expectativas de que os brasileiros ainda possam ser
autorizados a atravessar a fronteira neste sábado (11), desde que o comboio de
ambulâncias que tenta deixar Gaza consiga realizar o deslocamento e chegar até
o posto de comando em Rafah.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, porém,
não dá certeza sobre a data de saída.
Por que as ambulâncias precisam sair antes?
Os hospitais enviam informações às autoridades sobre as
ambulâncias e os feridos que precisam deixar Gaza para atendimento médico. Com
esses dados, há uma mobilização na fronteira para que, assim que esses veículos
cheguem ao local, possam ser liberados.
Dessa forma, enquanto as ambulâncias registradas para
atravessar para o Egito não chegam, nenhum grupo de estrangeiros é liberado
para sair.
No entanto, com os constantes ataques aos hospitais, as
ambulâncias não conseguem se deslocar de um ponto a outro em segurança e,
eventualmente, a fronteira fecha sem que ninguém consiga sair de Gaza.
Foi o que aconteceu nesta sexta com os brasileiros. O grupo,
que faz parte da 7ª lista de estrangeiros que foi autorizado a deixar o
território palestino, não pôde sair porque somente cinco ambulâncias
conseguiram atravessar a fronteiro, e todas demoraram a conseguir fazer o
deslocamento, afirmou o embaixador brasileiro em Gaza, Alessandro Candeias.
Segundo o embaixador, parte dessa demora é consequência da
"forte presença militar israelense em combates ao redor de hospitais".
Como a passagem só fica aberta por poucas horas durante o
dia - decisão de Israel e Egito, que afirmam que terroristas do Hamas podem
atravessar a fronteira -, os ataques atrasam significativamente o processo de
saída dos feridos e dos estrangeiros de Gaza.
Brasileiros repatriados terão apoio para chegar ao país
De acordo com a agência de notícias do Governo Federal,
todos os brasileiros que aguardam para deixar a Faixa de Gaza foram realocados
em uma única residência em Rafah, para agilizar o traslado quando houver a
autorização para atravessarem a fronteira.
O ministro Mauro Vieira, em coletiva de imprensa, disse que
o grupo está reunido e conta com assistência financeira para alimentação e para
custear as taxas de passagem na fronteira.
"Temos todo um esquema de operação com a Força Aérea Brasileira (FAB)
para trazê-los de volta. Eles serão recepcionados no Brasil com todo um aparato
de acolhimento", destacou o ministro.
Quando chegarem ao Brasil, os repatriados contarão com
avaliações médicas e psicológicas, descanso, alimentação adequada, hospedagem
em alojamento da FAB por dois dias e abrigo em uma estrutura preparada no
interior de São Paulo para os que precisarem, informou Augusto Botelho,
secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Além dos 34 nomes já listados, o Itamaraty já
prepara uma segunda lista com cerca de 50 pessoas que devem receber a
autorização para deixar Gaza.