cnn -09/01/2024 08:46
No nono dia de buscas pelo helicóptero que desapareceu em
São Paulo no dia 31 de dezembro, a Polícia Civil utiliza dados da localização
dos celulares das quatro pessoas que estavam a bordo da aeronave para tentar
localizar pistas que solucionem o mistério. Segundo a polícia, a última
localização de aparelho de um dos desaparecidos foi registrado na região de
Paraibuna, interior de São Paulo.
O helicóptero, um Robinson R44 que foi fabricado em 2001,
deixou o aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, na tarde do dia
31 e tinha como destino a cidade de Ilhabela, no litoral norte. Com mau
tempo na região, o piloto relatou dificuldade para concluir o voo e chegou a
fazer um pouso de emergência antes de sumir do radar.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informa
que, após autorização judicial, agentes da Unidade de Inteligência do
Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) tiveram acesso à
localização de antenas (ERBs) dos celulares do piloto e dos passageiros. O
objetivo é tentar localizar a aeronave e os ocupantes dela.
“A Polícia Civil esclarece que não foi realizada a
interceptação telefônica de áudio, dados telemáticos, ou mensagens de texto dos
ocupantes do helicóptero desaparecido”, diz a SSP. “Em relação aos outros três
aparelhos dos demais passageiros, não foram localizados sinais de atividade, o
que indica que estejam desligados”, acrescenta.
Também participam da operação de resgate equipes da Polícia
Militar e da Força Aérea Brasileira (FAB).
PM diz ainda ter esperanças
Na tarde desta segunda-feira (8), o major Cesar Augusto
Silva, porta-voz do Comando de Aviação da Polícia Militar de São Paulo, afirmou
que a PM ainda mantém esperança de encontrar as quatro pessoas com
vida.
“Nossa crença, de verdade, é que a gente ache essas pessoas
ainda com vida. A gente tem ainda essa esperança. O compromisso da Polícia
Militar é com a vida”, disse.
Ele pediu para que os moradores do litoral norte e do Vale
do Paraíba que tenham visto algum sinal da aeronave entrem em contato com a
polícia.
“Essas informações [enviadas pela população local] são
fundamentais. As pessoas da região conhecem melhor a região. Em algumas
situações, pousamos com a aeronave para entrevistar as pessoas, fazer uma
análise crítica e, a partir dessas informações, fazer uma definição de novas
áreas de busca”, comentou.
A PM disse que já completou 50 horas de voo em busca do
helicóptero desaparecido.
Familiares também tentam manter otimismo
“É muito angustiante viver sem uma resposta, sem saber o
que está acontecendo. Estou vivendo à base de remédio, está muito difícil de
raciocinar, mas eu não perdi as esperanças. Eu creio que elas vão voltar”,
relatou Neusa Rodzewics, mãe de Luciana Marley Rodzewics Santos, 46 anos, e avó
de Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, que estavam no voo.
“Se ela falar que vai ficar uma semana sem tomar água, ela
fica. Ela consegue, ela tem uma fé tão grande que ela consegue. E, através
dessa fé, eu creio que ela esteja viva, se mantendo em pé devido à fé”, acrescentou
a avó.
Neusa criticou a atitude do piloto, Cassiano Tete Teodoro,
44 anos. “Por que o piloto não ficou lá e não pediu ajuda? Por que ele tinha
que sair dali? Por que ele quis voar se não tinha combustível? Ele tinha que
ter ficado lá e ter esperado socorro, já teria resolvido tudo isso”, desabafa
Além de Luciana, Letícia e do piloto da Cassiano, o empresário
Raphael Torres, 41, também estava a bordo. Ele chegou a mandar uma mensagem para o filho dizendo que o
tempo em Ilhabela estava ruim e relatou que o comandante tentaria
fazer um pouso na cidade vizinha de Ubatuba.
FAB reforça buscas
No fim de semana, a FAB anunciou que reforçou as buscas e
que passou a utilizar na operação o helicóptero Black Hawk, uma
aeronave militar de médio porte utilizada para missões de resgate e busca de
salvamento, que consegue percorrer até 295 quilômetros por hora.
A operação da FAB também conta com o avião SC-105 Amazonas,
equipado com um radar com capacidade de alcance de até 360 quilômetros e tem um
sistema de comunicação via satélite que possibilita o contato com outras
aeronaves ou centros de coordenação de salvamento (Salvaero), mesmo em voos em
baixa altitude.
O SC-105 conta também com um sistema eletro-óptico de busca
por imagem e por espectro infravermelho. “Isso permite realizar buscas pelo
calor, permitindo detectar, por exemplo, uma aeronave encoberta pela vegetação
ou uma pessoa no mar”, diz a Força Aérea.