folhapress -11/09/2025 22:23
Funcionários do FBI de Salt Lake City não disseram se a
fotografia era do atirador suspeito, apenas descreveram como uma "pessoa
de interesse". Nas duas imagens divulgadas, a pessoa suspeita aparece
usando calças, uma camisa preta estampada com uma bandeira dos Estados Unidos e
um animal que parece ser uma águia, além de boné e óculos escuros.
Kirk, 31, foi baleado durante evento na Utah Valley
University, na cidade de Orem, nos EUA. O ativista foi o fundador do grupo de
mobilização jovem Turning Point USA e se tornou uma das principais lideranças
da direita americana. Era um aliado próximo do presidente Donald Trump.
Mais cedo nesta quinta, o FBI afirmou ter encontrado uma arma
que acredita ter sido usada no assassinato.
"Hoje encontramos o que acreditamos ser a arma usada. É
uma 'bolt action rifle' [um tipo de fuzil]. Foi encontrada em uma área de mata.
Os investigadores também coletaram impressões digitais", disse o agente
especial do FBI, Robert Bohls, em entrevista.
Segundo o Wall Street Journal, os agentes que encontraram a
arma acharam gravadas na munição expressões de ideologia transgênero e
antifascista. A informação está em um relatório interno das equipes envolvidas
no caso, de acordo com uma pessoa familiarizada com a investigação. Se
confirmado, esse dado deve reforçar o discurso de Trump, pouco depois do
assassinato, culpando a "esquerda radical" pelo crime, como
"consequência trágica de demonizar aqueles de quem se discorda".
O chefe da segurança de Utah, Beau Mason, onde ocorreu o
assassinato, também disse que o FBI "tem boas imagens em vídeo desse
indivíduo", mas que ainda não irão divulgá-las. O suspeito "parece
ser um indivíduo em idade universitária", acrescentou Beau.
Segundo o FBI e autoridades estaduais, o atirador chegou ao
campus minutos antes do início do evento com Kirk e pôde ser visto em imagens
de câmeras de segurança subindo escadas para acessar o telhado de um prédio
próximo, de onde disparou o tiro.
O atirador pulou do telhado e fugiu para um bairro vizinho,
segundo o agente do FBI Robert Bohls.
Após ter sido alvejado no pescoço, Kirk chegou a ser levado
ao hospital e a passar por cirurgia, mas não resistiu. Nas imagens do momento
do disparo, é possível vê-lo perdendo muito sangue.
Trump decretou luto oficial de cinco dias em todo o país. O
republicano culpou o discurso da "esquerda radical" pelo assassinato
e disse que o crime foi a "consequência trágica de demonizar aqueles de
quem se discorda".
Conhecido por apoiar teorias da conspiração e ideias
extremistas e por sua defesa vigorosa de Trump, Kirk ficou famoso quando fundou
a Turning Point USA em 2012, aos 18 anos, uma organização que rapidamente
angariou fundos de doadores republicanos poderosos e o catapultou para a
posição de principal líder da juventude de direita americana.
Com a ascensão política de Trump a partir de 2016, o
influenciador se associou ao bilionário e cresceu em alcance e importância
durante seu primeiro mandato na Casa Branca.
O vice-presidente, J. D. Vance, com quem Kirk costumava
trocar mensagens, manifestou-se nas redes: "Ó Senhor, conceda-lhe descanso
eterno".
O episódio também provocou manifestação de repúdio de
políticos democratas. A ex-vice-presidente Kamala Harris, derrotada por Trump
no ano passado, disse nas redes sociais, antes do anúncio da morte de Kirk:
"Condeno este ato, e todos precisamos trabalhar juntos para que isso não
leve a mais violência."
O ex-presidente Joe Biden disse que "não há lugar para
esse tipo de violência", e Barack Obama afirmou que "esse tipo de
violência desprezível não tem lugar em uma democracia".
A Turning Point USA, cujo nome significa algo como
"Momento da Virada", teve papel crucial na mobilização de eleitores
jovens para Trump no pleito do ano passado. Seus eventos em campi de várias
regiões dos EUA costumavam reunir uma grande quantidade de estudantes
identificados com a direita.
Depois de vencer Kamala, durante um comício em dezembro
passado, Trump agradeceu a Kirk pelo seu trabalho de motivar os jovens a votar
nele.
Kirk tinha 5,2 milhões de seguidores no X e apresentava um
podcast e programa de rádio, "The Charlie Kirk Show". Ele também
coapresentou recentemente o "Fox & Friends", na Fox News, um dos
programas mais importantes e populares da emissora conservadora.
Em suas falas, ele frequentemente atacava a mídia
tradicional e abordava temas como raça, gênero e imigração, quase sempre de
forma provocativa e, de acordo com seus críticos, racista e machista.
Em 2023, Kirk havia dito em evento que "vale a pena
pagar o preço, infelizmente, de algumas mortes por tiroteio todos os anos para
que possamos ter a segunda emenda [que garante o direito ao armamento nos
EUA]".