hernandes dias lopes -30/08/2025 21:52
Nossos olhos se voltam para o passado. Um passado distante.
Os descendentes de Jacó desceram ao Egito com setenta pessoas, nos dias em que
José era o governador do grande império egípcio. Ao cabo de quatrocentos anos,
os israelitas eram uma grande nação, pois o povo crescia, multiplicava-se e se
fortalecia grandemente.
Levanta-se, então, um novo Faraó que não conhecia os grandes
feitos de José. Preocupado com o expressivo crescimento dos hebreus,
amedrontado com a possibilidade de um levante desses estrangeiros, resolve
tomar medidas drásticas para limitar o crescimento deles.
Vejamos:
Em primeiro lugar, a opressão do trabalho escravo. Os
hebreus perderam sua liberdade, sua dignidade e seus direitos fundamentais.
Foram transformados em ferramenta de trabalho e em mecanismo de produção. Foram
reduzidos a escravos, a mão de obra não remunerada. Os hebreus não trabalhavam
mais para si mesmos, mas para o Estado autocrático. Não produziam para o
enriquecimento das famílias respectivas, mas para o fortalecimento do Estado
opressor.
Os hebreus tiveram que edificar cidades-celeiros para a
glória do Egito e para a opressão de sua própria gente. Os regimes totalitários
e absolutistas sempre foram opressores. Sempre defenderam o luxo para os
governantes e a escravidão para os governados. Tratam os homens como máquinas.
Esgotam suas forças. Esmagam seus músculos. Matam seus sonhos. Roubam sua
esperança.
Em segundo lugar, a opressão da astúcia criminosa. Faraó
constatou que a escravidão não reduziu o crescimento dos hebreus, ao contrário,
os fez crescer ainda mais. Então, partiu para uma segunda alternativa. Ordenou
às parteiras hebreias matar todas as crianças dos hebreus do sexo masculino.
Esse infanticídio deveria ser praticado às ocultas, sem qualquer alarde.
As mulheres que tinham a missão de trazer vida ao mundo
deveriam ser agentes da morte. As mulheres que desfrutavam da confiança das
gestantes, por serem parteiras hebreias, deveriam trair a seu povo e matar os
seus bebês. Os opressores sempre engendram planos de morte. Não se importam com
a vida. Não respeitam o mais sagrado direito do ser humano, o direito de viver.
Os opressores tentam usar pessoas do bem para a prática do
mal. Tentam transformar os agentes da vida em protagonistas da morte. Engendram
planos malignos de morte sem qualquer pudor, sem perder a pose de beneméritos
da sociedade e heróis nacionais. Porém, os ditadores carrascos sempre se
esbarram em pessoas tementes a Deus, que estão prontas a arriscar a própria
vida para desobedecer a ordens injustas.
As parteiras hebreias ousaram desafiar as ordens
absolutistas de Faraó, provando que aqueles que temem a Deus não têm medo dos
homens. Agiram como no futuro agiriam Mesaque, Sadraque e Abede-Nego na
Babilônia e como agiria Daniel no império Persa. Elas tiveram a postura dos
apóstolos em Jerusalém, quando afirmaram aos membros do sinédrio que os
proibira de pregar a Palavra de Deus: “Antes importa obedecer a Deus que aos
homens (At 5:29).
Em terceiro lugar, a opressão do infanticídio. Vendo
Faraó seus planos malignos malogrados, partiu para uma ação mais radical.
Agora, tira da gaveta não um plano secreto para matar, mas uma ação aberta,
convocando todo o povo egípcio para ser o fiscal de um infanticídio
generalizado. Toda criança hebreia, do sexo masculino, deveria ser lançada no
Nilo para ser afogada e devorada pelos crocodilos. Esse plano tinha o propósito
de estancar o crescimento do povo hebreu e reduzi-lo ao extermínio. Agindo
assim, Faraó estava abertamente declarando guerra contra Deus e contra seu
povo, numa tentativa explícita de impedir a vinda do Messias e obstaculizar o
nascimento do Salvador do mundo. Os poderosos deste mundo, porém, não podem frustrar
os planos de Deus.
As águas do Nilo não seriam a sepultura dos hebreus, mas
carregariam a arca de salvação daquele que seria, no tempo oportuno, o
libertador do povo hebreu. Os homens perversos intentam contra Deus e contra o
seu povo, mas seus ardis caem por terra, porque eles são apeados do poder e
morrem, mas o Senhor continua no trono, governando os destinos da história e
protegendo seu povo, conduzindo-o em triunfo.