hernandes dias lopes -02/09/2023 19:02
Miquéias profetizou no período dos reis Acaz e Ezequias,
sobre Samaria e Jerusalém, setecentos anos antes de Cristo. Sua voz, porém,
ressoa do pico dos outeiros, atravessando os séculos, para bradar aos ouvidos
da nossa nação. O que Miquéias denunciou nos seus dias, que serve de alerta ao
povo brasileiro?
Em primeiro lugar, ele alertou sobre um sistema
aparelhado para o mal (Mq 2.1,2). Os homens poderosos não só maquinavam o
mal, mas, também, o praticam porque o poder de fazê-lo estava em suas mãos.
Assaltavam bens públicos e privados, a um homem e à sua herança. O papel dos
governantes é cuidar dos interesses do povo, promovendo o bem e coibindo o mal
(Rm 13.1-7).
Em segundo lugar, ele alertou sobre a inversão de
valores (Mq 3.1,2). A questão em Samaria e Jerusalém não era apenas de
tolerância ao mal, mas de uma total inversão de valores. Naquele tempo se
aborrecia o bem e amava o mal. O certo era tido como errado e o errado
aplaudido como certo. Não é essa a agenda que muitos querem implantar no
Brasil?
Querem estabelecer um regime socialista que tem levado
nações à miséria e à falta de liberdade; querem aprovar a lei do aborto; querem
aprovar a lei da liberação das drogas; querem impor a ideologia de gênero nas
escolas; querem invadir terras, desrespeitando o direito de propriedade
privada; querem engordar o Estado para abrir as torneiras da corrupção. É tempo
de ouvir o alerta do profeta Miquéias!
Em terceiro lugar, ele alertou sobre a mensagem
sedutora dos falsos profetas (Mq 3.5,11). Muitos falsos profetas e
sacerdotes, por vantagens pessoais, apoiavam esses poderosos tiranos, mestres
da mentira e da opressão, anunciando paz quando tinham o que mastigar e
apregoavam guerra santa contra aqueles que lhes fechavam as torneiras da
corrupção. Os falsos profetas nunca estiveram ao lado da verdade. Por amor ao
dinheiro, ainda vendem sua consciência e fazem errar o povo.
Em quarto lugar, ele alertou sobre a injustiça daqueles
que davam sentenças (Mq 3.11). Miquéias diz que os cabeças de Samaria e
Jerusalém davam as sentenças por suborno e ainda drapejavam o estandarte da
confiança inabalável, dizendo que o Senhor estava no meio deles, e, portanto,
nada lhes aconteceria de mal. A justiça estava sendo sonegada ao povo. Os
tribunais da época estavam aliançados com esquemas de corrupção que assolavam a
nação.
Em quinto lugar, ele alertou sobre o conluio dos
poderosos para a prática do mal (Mq 7.3). O aparelhamento para a prática
do mal era notório em Samaria e Jerusalém. Vejamos: “As suas mãos estão sobre o
mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita o
suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles
juntamente urdem a trama” (Mq 7.3).
O sistema estava todo contaminado. O esquema de corrupção
tinha capilaridade em todos os setores da sociedade. Os tentáculos da violência
contra o povo estavam amordaçando a justiça e oprimindo o povo.
Em sexto lugar, ele alertou para a decadência da
família (Mq 7.6). A corrupção estava presente nos palácios e nas cortes,
na religião e, também, na família. O profeta denuncia: “Porque o filho despreza
o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do
homem são os da sua própria casa”.
A família não era mais o refúgio da vida, para se respirar o
ar da liberdade e sentir o perfume do amor e da amizade, mas uma arena de
brigas e um campo de guerra. Os inimigos não estavam do lado de fora, mas do
lado de dentro da própria casa.
É nesse contexto turbulento que o profeta Miquéias anunciou
o nascimento do Messias, o Filho de Davi, setecentos anos antes dele nascer em
Belém (Mq 5.2). Jesus é o Príncipe da paz e ele mesmo é a nossa paz (Mq 5.5).
Ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Aqueles que legislam, governam e
julgam segundo os valores do seu Reino são prósperos e bem-aventurados, pois
“feliz é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl 33.12).