hernandes dias lopes -04/06/2023 11:56
O Jardim do Getsêmani foi o lugar da agonia de Jesus. Ali
havia uma prensa de azeite, onde as azeitonas eram amassadas, para se extrair o
óleo que servia de combustível para as lamparinas. Foi nesse jardim, no sopé do
monte das Oliveiras, que Jesus se entristeceu, orou, chorou e sangrou.
Foi ali que ele travou mais titânica batalha da humanidade.
Foi ali que ele, em lágrimas, rogou ao Pai para passar dele o cálice. Foi ali
que ele se prostrou com o rosto em terra e, de forma perseverante, orou e se
sujeitou à vontade do Pai. Foi ali que ele foi consolado por um anjo e
fortalecido pelo Pai, para caminhar vitoriosamente para a cruz.
No Getsêmani, Jesus enfrentou severa angústia. Essa angústia
teve três níveis. Vejamos:
Em primeiro lugar, Jesus admite sua angústia
para si mesmo (Mt 26.37). “E, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de
Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se”. Qual foi a causa da
tristeza e da angústia de Jesus? Angustiou-se porque sabia que seria preso,
julgado e condenado?
Angustiou-se porque sabia que seria esbordoado e cuspido
pelos membros do sinédrio judaico? Angustiou-se porque sabia que seus
discípulos o abandonariam? Angustiou-se porque sabia que Judas o trairia, Pedro
o negaria e Pilatos o sentenciaria a pena de morte? Angustiou-se porque sabia
que seria pregado na cruz como um malfeitor? A resposta é mil vezes não!
Angustiou-se porque sabia que sendo o Amado do Pai, seria
abandonado por ele na cruz. Angustiou-se porque sendo santo, santo, santo seria
feito pecado por nós. Angustiou-se porque sendo bendito eternamente, seria
feito maldição, para que fôssemos benditos eternamente.
Em segundo lugar, Jesus admite sua angústia para
seus discípulos (Mt 27.38). “Então, lhes disse: A minha alma está
profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo”. Muitas coisas,
Jesus falou às multidões. Outras, falou apenas para seus discípulos. Quando foi
tomado de tristeza e angústia, revelou isso apenas aos seus três discípulos
mais chegados, Pedro, Tiago e João. Mas, quando chorou e suou sangue, fez isso
sozinho.
Aqui Jesus revela sua perfeita humanidade. Mesmo sabendo que
ao se ferir o pastor, as ovelhas ficariam dispersas. Mesmo tendo pleno
conhecimento de que Judas o trairia e Pedro o negaria, Jesus ordena a seus
discípulos a ficarem com ele e a vigiarem com ele. Aquilo que era uma
experiência íntima e pessoal, agora, é uma realidade compartilhada com seus discípulos
mais próximos.
Infelizmente, os discípulos não passaram no teste. Enquanto
Jesus travava a mais renhida batalha em favor da nossa alma, seus discípulos se
agarraram no sono. Em vez de vigiarem, dormiram; em vez de ficarem com Jesus,
fugiram acovardados.
Em terceiro lugar, Jesus admite sua angústia
para o Pai (Mt 27.39). “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu
rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice.
Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres”. Jesus já havia admitido
sua tristeza para si e para seus discípulos. Agora, admite-a diante do Pai.
A batalha mais pesada foi travada no interior do Getsêmani,
quando sozinho, Jesus prostrou-se com o rosto em terra, clamando ao Pai para
passar dele o cálice. Três vezes Jesus orou, pedindo ao Pai a mesma coisa. Ele
ofereceu, numa luta de sangrento suor, forte clamor e lágrimas àquele que
poderia livrá-lo da morte. No Getsêmani, porém, Jesus sujeitou-se à vontade do
Pai, e sorveu cada gota daquele cálice amargo da ira de Deus que deveria cair
sobre nós. Ele tomou o nosso lugar como nosso representante e fiador. Ele levou
sobre si as nossas iniquidades. Ele morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras. Agora, pela sua morte temos vida; pelo seu sangue temos redenção,
pelo seu sacrifício temos plena salvação.