hernandes dias lopes -03/02/2024 22:20
“Há três coisas que são maravilhosas demais para mim,
sim, há quatro que não entendo: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra
na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho do homem com uma
donzela” (Pv 30.18,19).
Hagur, o autor deste texto inspirado pelo Espírito Santo,
está extasiado com suas reflexões acerca das maravilhas da criação. Como fruto
de suas perquirições, quatro coisas chamam a sua atenção. As três primeiras,
ele as adjetiva como maravilhosas demais. A quarta, ele confessa que não
conseguiu entender. O que deixou o autor sacro tão maravilhado?
Em primeiro lugar, o caminho da águia no céu. A águia
é a rainha do espaço, a campeã indisputável das alturas nefelibatas. Com suas
possantes asas, a águia voa entre as nuvens, no pico das montanhas; e, com sua
visão apurada, como uma flecha, desce celeremente para apanhar a sua presa. O
caminho da águia no céu é percorrido com desenvoltura e confiança. Seus voos
são altaneiros e em linha reta. Se avista uma tempestade no horizonte, a águia
ultrapassa essas nuvens tempestuosas e voa sobranceira onde tudo está calmo e o
sol está brilhando.
Em segundo lugar, o caminho da cobra na penha. A
cobra rasteja sobre a pedra sem deixar marcas. Caminha, sem alardes, sem deixar
rastro. Essa trajetória fascinava o autor sagrado. Há aqueles que percorrem
muitos caminhos, mas as marcas que deixam não são dignas de serem imitadas.
Deixam um rastro inglório e pegadas escorregadias.
Em terceiro lugar, o caminho do navio no meio do
mar. Este texto foi escrito há quase mil anos antes de Cristo. Naquele
tempo a navegação ainda era precária, sem a ajuda da bússola e dos outros
recursos modernos. Marinheiros experimentados singravam as águas profundas dos
mares e rumavam para horizontes longínquos, conquistando sempre novas
fronteiras. Experiência, coragem e desafios arrojados alimentavam as aventuras
desses pioneiros da navegação. Esses mesmos princípios devem governar nossa
vida.
Em quarto lugar, o caminho do homem com uma
donzela. Esta quarta figura usada pelo escritor, trata do casamento. A
relação de um homem com uma donzela estava para além de sua compreensão. O
casamento é um mistério, que aponta para a mais sublime de todas as relações, a
relação entre Cristo e a igreja. O casamento não é uma união entre dois iguais,
mas entre dois diferentes.
O casamento instituído por Deus, conforme o registro de
Gênesis 2.24 é heterossexual, monogâmico e monossomático (Gn 2.24). A relação
de marido e mulher não é de competição, mas de cooperação e complementaridade.
O apóstolo Paulo escreveu: “No Senhor, nem a mulher é independente do homem,
nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem,
assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus” (1Co 11.11,12).
Ainda Paulo escreveu: “Quero, entretanto, que saibais ser
Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça
de Cristo” (1Co 11.3). Assim, a liderança do homem no casamento não significa
superioridade masculina nem a submissão da mulher, significa inferioridade
feminina. Isso fica claro quando entendemos que Deus é o cabeça de Cristo e a
segunda pessoa da Trindade não é inferior à primeira pessoa da Trindade. Deus
Pai e Deus Filho são da mesma substância e têm os mesmos atributos.
Compreender o caminho do homem com uma donzela, portanto, é
um exercício que requer mente atilada e coração sábio. O casamento é uma
aliança de amor, onde o papel do homem é amar sua mulher como Cristo amou a
igreja e o papel da mulher é sujeitar-se a seu próprio marido, como a igreja é
sujeita a Cristo. Esse caminho só pode ser percorrido vitoriosamente sob a
bênção de Deus e pautado pelos preceitos de Deus. Que o nosso coração, também,
fique maravilhado com essas figuras pedagógicas!