metropoles -07/01/2025 21:55
A cena chocante de uma sucuri-verde (Eunectes
murinus) que estava
grávida e morreu, tendo cerca de 40 filhotes expelidos da barriga ao ser
atropelada em Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá, na MT-338, nessa
segunda-feira (6/1), gerou comoção nas redes sociais.
De acordo com o professor de biologia Alessandro Santana
Reis, ela estava no final da gestação, período que dura vários meses e no qual
a fêmea busca ambientes protegidos e fontes regulares de calor para favorecer o
desenvolvimento dos embriões.
“No caso específico do atropelamento, a expulsão dos
filhotes não é um mecanismo de defesa, mas uma consequência física. O impacto
do veículo comprime o corpo da fêmea, causando uma espécie de parto forçado”,
esclarece o professor.
O caso foi registrado por Ederson Negri Antonioli, youtuber
e pescador que passava pelo local. Ele filmou a cena chocante, mostrando a
sucuri no meio da estrada, cercada pelos filhotes já sem vida. As imagens
viralizaram nas redes sociais, gerando debates sobre a preservação da fauna e
os riscos enfrentados por animais selvagens em áreas de rodovias.
A reprodução das sucuris
A sucuri-verde é a maior espécie de cobra do mundo em termos
de peso e uma das maiores em comprimento. Esses animais pertencem ao grupo das
vivíparas, ou seja, as fêmeas carregam os filhotes em seu ventre até que
estejam completamente formados e prontos para nascer.
Segundo Santana, as sucuris podem gerar grandes ninhadas,
frequentemente entre 30 e 40 filhotes, dependendo da idade reprodutiva e das
condições ambientais.
O caso da sucuri em Porto dos Gaúchos serve como um alerta
para a relação conflituosa entre humanos e a natureza. Conforme as cidades e áreas
agrícolas se expandem, os habitats naturais das espécies selvagens são
fragmentados, aumentando as interações perigosas com a atividade humana.
Sucuris e o risco nas rodovias
De acordo com o professor Alessandro Reis, atropelamentos de
animais selvagens têm se tornado cada vez mais frequentes devido à ocupação
desordenada das áreas urbanas e rurais. “Muitos animais, como viados e répteis,
acabam invadindo rodovias em busca de alimento, abrigo ou até mesmo calor, e
isso aumenta o risco de acidentes”, explica o professor.
No caso das sucuris, o risco é ainda maior. Esses répteis
dependem de fontes externas de calor para regular a temperatura corporal, um
comportamento conhecido como ectotermia.
Por isso, é comum que procurem margens de rodovias asfaltadas,
que acumulam calor ao longo do dia. Esse hábito, no entanto, os torna
extremamente vulneráveis a atropelamentos.