noticias ao minuto -15/09/2025 09:48
A primeira Avaliação Nacional de Riscos Climáticos da Austrália (NCRA, na sigla em inglês), divulgada nesta segunda-feira (15), alerta para um futuro de impactos severos caso não haja uma redução drástica da poluição causada pelo carvão, petróleo e gás. O documento prevê consequências que vão de ondas de calor extremas a secas prolongadas e inundações.
Até 1,5 milhão de australianos podem estar em risco por
conta da elevação do nível do mar até 2050. Esse número pode dobrar para 3
milhões em 2090, segundo o relatório.
“As mudanças climáticas vão transformar nosso modo de vida.
Essas alterações não acontecerão de forma gradual ou linear”, aponta o texto,
que também alerta para pontos de não-retorno capazes de gerar mudanças
abruptas.
O estudo considera três cenários de aumento da temperatura
média de 1,5°C, 2°C e 3°C e mostra que, no pior deles, as mortes
por calor extremo podem aumentar em até 440% em Sydney, 260% em Melbourne, 300%
em Perth e 420% em Darwin.
“O relatório deixa claro que todo o país tem muito em jogo. O
custo de não agir sempre será maior do que o de agir”, afirmou o ministro da
Mudança Climática, Chris Bowen, durante a apresentação do estudo, que veio
acompanhado de um plano de adaptação para proteger comunidades vulneráveis.
Os impactos econômicos também são significativos: perdas de
produtividade estimadas em 423 bilhões de dólares australianos (cerca de R$ 1,5
trilhão) até 2063, aumento quase sete vezes maior nos gastos com desastres até
2090 e desvalorização imobiliária superior a 600 bilhões de dólares
australianos (R$ 2,1 trilhões) até 2050.
O relatório também destaca o risco de ondas de calor
marítimas inéditas, que podem durar até seis meses em um cenário de aquecimento
de 3°C. Já as inundações costeiras podem dobrar o número de pessoas expostas:
1,5 milhão em 2050 e 3 milhões em 2090.
Todas as regiões da Austrália serão afetadas, mas o aumento
mais rápido dos riscos deve ocorrer em Queensland, Tasmânia, Nova Gales do Sul
e no Território da Capital Australiana. Só até 2030, cerca de 597 mil pessoas
podem estar diretamente em risco de inundações devido à elevação do nível do
mar e à intensificação de eventos extremos, o que ameaça comunidades costeiras
e grandes cidades.
As áreas remotas também devem sofrer ainda mais, por conta
da fragilidade das cadeias de abastecimento e da comunicação limitada. Em
algumas partes de Queensland, Austrália Ocidental e Território do Norte, os
custos de transporte podem dobrar.
A divulgação da avaliação ocorre na mesma semana em que o
governo do primeiro-ministro Anthony Albanese deve anunciar a meta de redução
de emissões para 2035, além das recomendações da Autoridade de Mudanças
Climáticas, uma estratégia nacional para atingir a neutralidade de carbono e
roteiros de transição para seis setores-chave da economia.