noticias ao minuto -06/07/2025 00:23
Guardou a comida num pote plástico? Abriu uma garrafa de
água? Usou uma tábua para cortar legumes? Essas ações simples do dia a dia
podem estar contaminando seus alimentos com micro e nanoplásticos — partículas
minúsculas que vêm sendo encontradas em diversos produtos consumidos
rotineiramente.
Uma revisão científica feita por uma equipe liderada pela
bióloga Lisa Zimmermann, da Universidade Goethe, na Alemanha, analisou 103
estudos sobre contaminação alimentar e concluiu que o uso normal de itens
plásticos, como potes reutilizáveis, copos descartáveis, saquinhos de chá,
tampas de garrafas e até utensílios próprios para micro-ondas, libera
partículas invisíveis a olho nu que vão direto para a comida.
“Esta é a primeira evidência sistemática de como o uso
normal e pretendido de alimentos embalados em plástico pode ser contaminado com
micro e nanoplásticos”, disse Zimmermann à CNN, citada pelo portal Science
Alert. “Descobrimos que as embalagens de alimentos são, na verdade, uma fonte
direta dessas partículas.”
As descobertas são alarmantes. Segundo os pesquisadores, 96%
dos artigos analisados relataram a presença dessas partículas nos alimentos. Os
chamados MNPs (micro e nanoplásticos) são gerados à medida que o plástico se
decompõe ou sofre abrasão, como em lavagens repetidas ou exposição ao calor.
Além disso, os cientistas observaram que alimentos
ultraprocessados tendem a conter mais microplásticos do que os minimamente
processados — o que pode estar relacionado à maior quantidade de etapas e
contato com equipamentos de plástico durante a produção.
Já foram encontrados microplásticos em órgãos humanos,
placentas e até fetos de camundongos. Um estudo recente apontou que pessoas com
doenças cardiovasculares apresentaram maior risco de morte quando havia
concentração elevada dessas partículas nas artérias. Apesar disso, os efeitos à
saúde ainda não são totalmente compreendidos.
Zimmermann reforça que são necessárias mais pesquisas para
entender os impactos na saúde humana e, enquanto isso, recomenda que a
exposição aos microplásticos seja reduzida ao máximo — inclusive com medidas
que limitem o uso de plásticos em contato com alimentos. “A abordagem
preventiva é prudente”, concluiu a equipe no artigo publicado na npj Science of
Food.