cnn -26/03/2024 10:11
No último dia 19 de março, o Brasil bateu um preocupante
recorde de 1,8 milhão de casos e 630 mortes por dengue desde 1º de janeiro,
registrando um coeficiente de 954,2 infecções por 100 mil habitantes. O cenário
epidêmico atingiu, até aquela data, 13 estados e o Distrito Federal. É uma
emergência em saúde pública sem precedentes no país em relação a uma
arbovirose.
A proliferação da dengue não é uma exclusividade brasileira.
Outros países latino-americanos, como a Argentina e Paraguai, também sofrem com
surtos da doença provocada pela picada do mosquito Aedes aegypti. Além disso, o
aquecimento climático global leva a registros de infecções até mesmo em
localidades como Espanha, Itália e França, de temperaturas mais amenas, tendo
como vetor, neste caso, o mosquito Aedes albopictus.
A escalada global da dengue já é uma preocupante realidade,
com aumento nas taxas de transmissão superior a oito vezes nas últimas duas
décadas. Considerando que 5% das pessoas infectadas podem desenvolver formas
graves da doença, esta equação fica cada vez mais complicada porque o risco do
avanço do número de hospitalizações e de mortes aumenta exponencialmente.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam a
existência de 390 milhões de infecções pelo vírus da dengue por ano no mundo,
96 milhões das quais com a apresentação de manifestações clínicas, ou seja, de
pacientes sintomáticos.
Em 2019 foram registrados 56 milhões de casos em diversos
países, com 36 mil mortes. O número de casos considerados graves chega a 500
mil ao ano, e a taxa de mortalidade entre pacientes internados gira em torno de
10%. Não é pouca coisa, e não podemos subestimar uma doença que, segundo a
mesma OMS, pode atingir uma população de 3,9 bilhões de pessoas em 129 países,
suscetíveis à infecção. É algo muito sério.
Por se tratar de uma enfermidade transmitida por vetor, por
meio de quatro diferentes subtipos, e de não haver terapia específica, a dengue
é um problema de saúde complexo. Há perspectivas de desenvolvimento de
antivirais para tratamento da doença, mas não é algo para já.
A vacina disponível é atualmente ofertada em quantidades
escassas e insuficientes para conter epidemias. A prevenção por vias não
farmacológicas e a assistência resolutiva aos doentes para evitar complicações
e óbitos seguem sendo as principais armas para o enfrentamento da doença.