metropoles -10/10/2024 08:27
O cantor sertanejo Leonardo pagou
R$ 225 mil em indenizações aos seis trabalhadores resgatados em condições
análogas a de escravidão em sua fazenda localizada em Jussara, Goiás, após ser
incluído pelo governo na “lista suja” do trabalho escravo do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).
A informação consta em um documento do acordo feito pela
Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o cantor,
segundo o G1.
De acordo com a defesa de Leonardo, além da indenização, foi
paga uma multa de R$ 94.063,24.
MTE detalha rotina de trabalhadores na fazenda de
Leonardo
Um relatório divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) nesta quarta-feira (9/10) trouxe à tona as condições de trabalho de seis
funcionários resgatados em uma fazenda em Jussara (GO), de propriedade do
cantor Leonardo.
O grupo incluía um adolescente de 17 anos e foi encontrado
em situação análoga à escravidão.
De acordo com o documento, os trabalhadores enfrentavam
jornadas de até 10 horas diárias, sem a formalização de contratos e sem a
garantia de descanso semanal remunerado.
O MTE descreveu a situação precária em que os funcionários viviam: eles
dormiam em uma casa abandonada, localizada a 2 quilômetros da sede da Fazenda
Lakanka, que não contava com instalações adequadas.
O local era descrito como “impróprio para habitação”,
apresentando camas improvisadas feitas de tábuas de madeira, sem acesso a
banheiros, e com a presença de morcegos, fezes de animais e outros detritos.
Além disso, os trabalhadores improvisaram um chuveiro
utilizando uma mangueira e realizavam suas necessidades ao ar livre, em
condições que comprometiam a higiene. A única fonte de água disponível era um
poço que estava em estado precário e sem manutenção, levantando preocupações
sobre a potabilidade da água consumida.
Carga horária e pagamento
Os funcionários relataram que suas atividades consistiam
principalmente na remoção de restos de árvores, raízes e outros materiais do
solo para prepará-lo para o cultivo. A jornada de trabalho se iniciava às 7h e se encerrava às 17h,
com uma pausa de uma hora para o almoço.
O pagamento era fixado em R$ 150 por dia, mas não havia
compensação financeira nos dias em que não trabalhavam, sejam esses por folgas
programadas ou por motivos de saúde.
O relatório também destacou que o trabalho aos domingos,
quando realizado até meio-dia, era pago com meia diária, ou seja, R$ 75, o que
gerava insatisfação entre os trabalhadores. Os catadores de raízes mencionaram
ainda que, em algumas ocasiões, eram obrigados a realizar atividades extras sem
a devida remuneração.
A contratação e o pagamento dos trabalhadores eram feitos
por Leonardo por meio de outros funcionários, como gerentes da fazenda, que
atuavam como intermediários.